quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O Vale Tudo

Aqui neste vale sem nome onde o rio só corre quando chove, de onde se vê ao longe um povoado grande que é aldeia e mais perto um sítio com capela e dez ou doze casas e, de resto, a vista se enche com olivais, vinhas e pinheiras - aqui vivo.
Aqui há campo, ovelhas, gatos sem dono, cães vadios, milharolas, popas, cobras, as uvas pisadas com os pés, água pé e azeite sem rótulos, a omnipresente tratorinha do Tó Zé sempre a assapar e a conversa por entre um tinto de descanso:
o tempo, por quem dobraram os bombeiros, de que família era o falecido, porque não deram os tomates este ano, o pó ideal para o corcomilho e "o que eles querem agora"…
Querem que o Tó Zé tire um curso para ter uma carteira que o habilite a tratar do gado de que sempre tratou desde criança! Querem que ele diga onde põe o estrume dos animais!
- Na terra! Ora que porra! Onde é que eu o havia de pôr?!

Para isto ser verdadeiramente campo inteiro só falta um burro. Ando a pensar em criar condições para ter um burro, espero que não seja necessária carta para o montar, toda a família está de acordo, um burro comporia muito as nossas vidas! Se não houver maneira de levar o projecto por diante - sim, porque até já para ter um burro é preciso um projecto! - nem que faça eu de burro para completar a harmonia!
E o Tó Zé a malandrar:
- Mas tu não és porco lá na "internete" ou lá o que isso é!? Afinal agora queres ser burro!?
O Tó Zé não me trata como um animal, não me diz: asta pra lá, tens fome, estragaste a palha toda, estás triste, falta-te o macho e outras longas conversas que ele trava com o gado. Fala assim para mim, por amizade e porque me acha estranho.
- Já chega por hoje Zé, nem mais um, não bebo mais, sinto-me estranho! Vou estranhar!...

13 comentários:

Anónimo disse...

Majestade.
Antes de mais quero apresentar a Sua Alteza Real e à Sua Realíssima Família (sem ofensa!) os meus cumprimentos.
Depois deste intróito que fica sempre bem quando nos dirigimos a um eleito pelos deuses (não é Rei quem quer mas quem para isso está destinado), pois, evidentemente, já nem sei onde ia, mas ah, dizia eu, ou melhor, queria dizer que aprovo e aplaudo o Vosso propósito de juntar um burro ao Real agregado familiar mais próximo. Esta opção pelo burro prova, uma vez mais, a superior sagacidade de Vossa Alteza Real. Cães e gatos, pelos vistos, não faltam ao redor do Palácio; cobras e lagartos há por todo o lado (quem os não ouve?) ratinhos, coelhos e afins, calculo, também haverá ao redor da Residência Real e tartarugas não aconselho a ninguém pela tristeza que nos vem, quando ao fim de 400 anos (mais 100 menos100, elas se finam). Daí a inteligente ideia do burro! Mas dos genuínos, dos de 4 patas, orelhudos, de cauda e com tudo o resto a que têm direito. Nada dessas imitações que por aí proliferam.
Tanto quanto sei, é de uma injustiça atroz chamar burro a um animal que, dizem os entendidos, de “burro” nada tem (reparem nas galinhas!).
Além de que os burros estão em vias de extinção devido à modernização industrial da agricultura, às novas vias e meios de transporte e ao «corre-corre» dos dias de hoje. De tudo isto resulta que os burros só poderem continuar a existir enquanto houver pessoas, como Vossa Majestade, que se empenhem na sua preservação.
Mas atenção, Majestade. Se ficar apenas pelo burro só fará metade do que é necessário.
Não conseguirá Sua Alteza convencer um qualquer outro reino ai das redondezas a adquirir uma burra para dar satisfação aos inevitáveis anseios do Real burro e, conjuntamente, ele e ela, darem continuidade à espécie?
Alberto Cardoso

Compadre Alentejano disse...

Proponho que seja dado ao burro o nome de Dr.Relvas, em homenagem ao "grande" académico e governante...
Abraço
Compadre Alentejano

samuel disse...

O facto de me ter sentido de regresso, de armas e bagagens, ao "meu campo" da juventude... diz muito sobre a maravilha que é este texto!

Grande abraço.

cid simoes disse...

Agora são os burros que encavalgam aqueles que se deixam montar.

Anónimo disse...

Alerta Urgente

Amigo Pata Negra, se receber um e-mail, com arquivo anexo, dizendo:

"fotos de Angela Merkel nua",

pelo amor de Deus, não abra...

Pode ser verdade !!!!





Anónimo disse...

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Olinda disse...


Alteza
A idêia de querer adquirir um burro,ê burrice.Primeiro,porque pode ser motivo de discôrdia,a ver pela estôria do velho,do rapaz e do burro.Segundo,pela crise.Eu sei que a realeza nao sabe o que isso ê,daî,ainda sustenta o burro a pao-de-lô e,desencadear outra crise,como a outra do brioche.
Assim,convêm estranhar-se sobre o assunto,a bem do reino.


Anónimo disse...

Ó Pata, então continuas com o dispositivo avariado?! Há pra aí uns comprimidos que, dizem, fazem milagres. Mas não abuses, como o Pinto da Costa, que foi parar ao hospital...

do Zambujal disse...

De ti já nada estranho... salvo o que me espantaria mas de modo nenhum espero.
A qualidade de texto cheira a campo vivido e convivido (com um copo de tinto no meio das gentes), a ideia de burrro é excelente, tudo está no sítio certo escrito da maneira acertada.

És um rei que não vai nu!

Um abraço

António Grilo disse...

- Ó senhora Conceição
Sua puta, seu coirão
Quem é que cagou na escada?
PUMPUM PUM PUM.
- Eu não fui foi o vizinho
Eu só dei um peidinho
Mas cagar não caguei nada.
PUMPUM PUM PUM.

É isso!
Cheguei agora a casa depois de um jantar-convívio com antigos colegas estudantes de Coimbra e recordámos os velhos tempos. E claro, "A senhora Conceição" e a "Ó Laurinda, ó Laurinda" também compareceram.
Só não percebo como cheguei a casa...
Boas noites e feliz Páscoa.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
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José Lopes disse...

Em Portugal não é necessária carteira profissional para se ser burro, já para cuidar do dito a coisa pode ser diferente...
Cumps