Não há nada que não me aconteça.
O importante é que em cada dia ocorra uma cena que nunca mais esqueçamos. Se assim for, recordaremos sempre todos os dias que vivemos e, por isso, teremos uma vida cheia.
Andava a célula familiar a desbravar território nacional, dera-lhe para se aventurar nos caminhos sinuosos das margens da albufeira, quando o esperado aconteceu: não tem saída se não para o lago - marcha-atrás, a raimunda patina, nervos e lá sai!...
Meia volta dada e comentamos duas ou três vivendas entre lotes e dois blocos de apartamentos – que construtor se lembraria de construir num sítio tão isolado?!
O importante é que em cada dia ocorra uma cena que nunca mais esqueçamos. Se assim for, recordaremos sempre todos os dias que vivemos e, por isso, teremos uma vida cheia.
Andava a célula familiar a desbravar território nacional, dera-lhe para se aventurar nos caminhos sinuosos das margens da albufeira, quando o esperado aconteceu: não tem saída se não para o lago - marcha-atrás, a raimunda patina, nervos e lá sai!...
Meia volta dada e comentamos duas ou três vivendas entre lotes e dois blocos de apartamentos – que construtor se lembraria de construir num sítio tão isolado?!
Dois ou três trolhas a dançar à volta de uma betoneira, um homem em traje de férias atravessa a estrada e faz-nos sinal de paragem.
- Quer atravessar o lago para o outro lado?
- Não! Andamos a vaguear!
- Na outra margem existe um Centro Náutico, com isto, isto e mais aquilo e com ambiente para uma boa tarde!
- Não! Andamos a vaguear!
- Se quiserem eu levo-os lá de barco!
- Não! Andamos a vaguear!
- Tem lá tudo o que é preciso para passarem uns bons momentos!
- E quanto é que o senhor leva para nos levar ao paraíso?!
- Nada! Fico pago só por vos agradar!
- Vamos!
- O barco está ali em baixo! Podem ir indo. Eu vou a casa saber se a minha mulher também quer ir.
Que diabo de oferta!... Fartura muita, o pobre desconfia!... O barco-jangada, para aí com dez lugares, com estofos e equipamentos de luxo…
- A situação mete medo!... - Comentámos.
O casal abeira-se simpático, serve-nos o embarque cheio de simpatias. Entre os membros da família brindada passaram pensamentos de receio que iam do conto do vigário aos filmes em que uma família é degolada. Podia muito bem haver por ali uma ilha que desse para praticar actos de terror!
O perigo da ingenuidade abalou quando, ainda no cais, acompanhámos uns cumprimentos para gente de outro barco e uns acenos para gente que estava lá no alto num jardim.
A travessia-passeio fez desta viagem o melhor momento deste Verão. Desembarcámos com os préstimos das melhores simpatias, uma apresentação do espaço em três minutos, “ali”, “ali”, “e ali”, o braço apontador a despachar locais e:
- Podem permanecer o tempo que quiserem. Estaremos aqui pelo cais. Levá-los-emos de regresso com o maior prazer!
Com o maior prazer desfrutámos do espaço-paraíso. Ao fim de duas horas, o senhor, já insuspeito, abeirou-se de nós acompanhado de um jovem de calções de banho:
- Estejam à vontade! Eu vou dar uma voltinha de barco com a minha mulher mas, a qualquer momento que queiram regressar, procurem este jovem que estará por aqui no bar e ele levar-vos-á!...
Quando procurámos o jovem este estava a começar a almoçar e levantou-se de imediato. “Por amor de Deus! Almoce descansado! Nós esperaremos por si lá fora!”
Passados dez minutos já estávamos num barco idêntico a fazer a travessia de regresso.
- Quanto é?
- Nada! Voltem sempre!
Da vivência deste dia inesquecível só me ocorre dizer uma palavra:
- Porra!....
- Quer atravessar o lago para o outro lado?
- Não! Andamos a vaguear!
- Na outra margem existe um Centro Náutico, com isto, isto e mais aquilo e com ambiente para uma boa tarde!
- Não! Andamos a vaguear!
- Se quiserem eu levo-os lá de barco!
- Não! Andamos a vaguear!
- Tem lá tudo o que é preciso para passarem uns bons momentos!
- E quanto é que o senhor leva para nos levar ao paraíso?!
- Nada! Fico pago só por vos agradar!
- Vamos!
- O barco está ali em baixo! Podem ir indo. Eu vou a casa saber se a minha mulher também quer ir.
Que diabo de oferta!... Fartura muita, o pobre desconfia!... O barco-jangada, para aí com dez lugares, com estofos e equipamentos de luxo…
- A situação mete medo!... - Comentámos.
O casal abeira-se simpático, serve-nos o embarque cheio de simpatias. Entre os membros da família brindada passaram pensamentos de receio que iam do conto do vigário aos filmes em que uma família é degolada. Podia muito bem haver por ali uma ilha que desse para praticar actos de terror!
O perigo da ingenuidade abalou quando, ainda no cais, acompanhámos uns cumprimentos para gente de outro barco e uns acenos para gente que estava lá no alto num jardim.
A travessia-passeio fez desta viagem o melhor momento deste Verão. Desembarcámos com os préstimos das melhores simpatias, uma apresentação do espaço em três minutos, “ali”, “ali”, “e ali”, o braço apontador a despachar locais e:
- Podem permanecer o tempo que quiserem. Estaremos aqui pelo cais. Levá-los-emos de regresso com o maior prazer!
Com o maior prazer desfrutámos do espaço-paraíso. Ao fim de duas horas, o senhor, já insuspeito, abeirou-se de nós acompanhado de um jovem de calções de banho:
- Estejam à vontade! Eu vou dar uma voltinha de barco com a minha mulher mas, a qualquer momento que queiram regressar, procurem este jovem que estará por aqui no bar e ele levar-vos-á!...
Quando procurámos o jovem este estava a começar a almoçar e levantou-se de imediato. “Por amor de Deus! Almoce descansado! Nós esperaremos por si lá fora!”
Passados dez minutos já estávamos num barco idêntico a fazer a travessia de regresso.
- Quanto é?
- Nada! Voltem sempre!
Da vivência deste dia inesquecível só me ocorre dizer uma palavra:
- Porra!....
Que forças ocultas levarão pessoas a servir uma família com um chefe com um ar tão macambúzio?!
17 comentários:
não verias estranhar o tratamento, afinal as pessoas têm a capacidade de ver que estavam perante sua majestade o Rei do Leittões.
Teriam obviamente de tratar tão enorme visita da melhor forma.
Espera mais uma semana para ver o que irá acontecer. Às vezes estas coisas têm efeitos retroactivos.
Saudações do Maigret Marreta.
Bem....nem sei que diga. Realmente o povo portuga é dado a simpatias , mas este caso é um cadito estranho realmente. Mas a ser verdade, é bom saber que ainda existem pessoas "boas ondas". ;-)
hum... muita parra, deconfio sempre.
Eu se não visse escrito não acreditava.
As majestades tratam-se com deferência...
Um abraço
Compadre Alentejano
As majestades tratam-se com deferência...
Um abraço
Compadre Alentejano
Que bom que o tal casal sabia navegar...
:-)
Olhe, veja bem o que a Tânia perdeu.
Malvada Gina que a afastou do caminho das águas...
Beijinhos
Maria
Ora viva meu caro amigo.
Depois de algum tempo sem dizer nada, passo aqui pelo teu espaço para te deixar um forte abraço. E se for o caso umas Boas Férias...
SAUDAÇÕES DO TEMPLO.
Pata Negra
Esta história demonstra quanto temos recuado no tempo em termos de sociabilidades.
Vivemos no mundo da desconfiança e do medo. Um mundo em que gestos como estes nos deixam estupefactos.
Mas tu tens carisma e deves estar feliz por teres recebido um presente tão belo, daqueles que já são raros mas que tu mereces.
Abraço
Pata Negra indica-me o caminho para esta albufeira.
Quero ter o prazer de conhecer gente desta. É coisa rara.
Até.
e quanto é que o relator de tão agradável experiência leva para indicar as coordenadas do paraíso? :)
BOA!
Espero que tenhas aprendido a lição! Ainda há gente assim, porra!
Um abraço do Sineiro
Tiago
nota-se assim tanto a minha posição!?
Uma pata para o beija-mão
Marreta
Já aconteceu: fui notificado por ter roubado um barco e ter tossido para dentro da albufeira que é bebida na grande? Lisboa!
Um abraço sem prestar declarações
Ana
Dado a simpatias? Não é o meu caso!
Um simpático abraço
AJB
Muita parra, pouca uva e muita água e muita areia para a minha camioneta!
Um abraço sem pregos
Salvoconduto
Eu se apenas o tivesse escrito, não acreditava. Acontece que aconteceu!
Boas malhas
Compadre
E so compadres também!
Um aperto das searas
Maria
A Tânia também ia, a Gina é que não!
Um abraço do caminho das águas
Templo do Giraldo
Voltaremos a trocar uma ideias sobre o assunto.
Um abraço de aquém Tejo
Silêncio
Eu acho que o mundo sempre foi assim e sempre fomos assim. O que acontece é que dantes não existiam destas albufeiras e eram outros os barqueiros.
Um abraço sem culpa
Lili
Algo me diz que estás muito perto!
Um abraço a tomar
Mescalero
O Zêzere é um afluente do Tejo. Ferreira do Zêzere e perguntar pelo destino. Mas se não for suficiente eu darei as coordenadas exactas do Google Earth.
Um abraço com a promessa que vou ser agitado
Jorge
Precisamos de trocar umas ideias. Tenho passado na aldeia sem puxar a corda.
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