sábado, 20 de março de 2010

De Moçambique afectuosamente

Era eu pequeno e ouvia intenções de terço por dois primos que estavam na guerra em Moçambique. Era 1972 e um padre, recém regressado de capelão militar dos matos de Tete, fazia matinés de domingo aos meninos projectando slides e minutos de filme que testemunhavam a sua passagem pela africanidade. Depois vieram as anedotas do Samora até que um dia, no despertar da minha consciência política, dei comigo a defender o grande estadista africano que na chegada ao aeroporto tratava os nossos cagões por pá.. Em Coimbra nasceu-me o grande amigo Parsotan, colega de engenharia e arte, que tinha a vida amarrada a uma pequena bolsa de sobrevivência de estudante e que teria toda a famílía por lá. Nesses anos vivi o Quarto em casa das moçambicanas. Já adulto, veio-me o Mia Couto, antes de ser escritor de montra, através de uma peça de teatro do Trigo Limpo construída sobre histórias suas e, atrás dele, a literatura dos dele. E como se não bastasse tudo isto, por afinidade, ganho um familiar de reconhecida estatura que anda, de Tete em Beira e de Nampula em Maputo, desde os anos sessenta e nunca de lá arredou pé a não ser para vir ao médico a Lisboa e conversar comigo.

Desta forma dou umas pinceladas sobre a meu especial afecto por Moçambique! Tudo isto para dizer que este filme me faz rir mas não só.

(Nota só para alguns: surumático vem de suruma, maconha, marijuana, erva, boi, trator, cânhamo... tanta coisa que lhe chamam, até droga)



12 comentários:

Ferroadas disse...

O tipo está a "traduzir" para quem? Aquela malta é toda surda?
A única que deu para perceber é quando o grandalhão diz "abaixo a prostituição"

Abraço

antonio ganhão disse...

E depois conheceste o implume, pelo menos em forma de escrita... como vês existem ciclos que nunca se fecham...

antonio ganhão disse...

Delicioso o teu video!

Alberto Cardoso disse...

Também eu, Majestade, tenho um especial afecto por Moçambique. Estive lá dois anos na guerra colonial e pude contactar com as populações locais, perdidas no meio do mato, pessoas muito pobres mas simpáticas e sempre sorridentes. Muitos não falavam português e para nos entender-mos havia que recorer à linguagem gestual.
Gostei de ver o filme!!!
Alberto Cardoso

Marreta disse...

Pronto, está encontrado o substituto para aquela gaja que traduz para linguagem gestual as notícias na RTP 2.
De Moçambique só conheço Cahora Bassa. Na guerra largaram-me de páraquedas sobre a barragem.

Saudações do Marreta.

Compadre Alentejano disse...

A descolonização produziu muitas destas cenas em Moçambique. Temos que as analisar mais do ponto de vista social...
Abraço
Compadre Alentejano

salvoconduto disse...

Porra, porra, quando lá estive ninguém gritava abaixo o surumático, andava toda a gente atrás dele...

José Lopes disse...

Os vivas e os abaixos foram uma realidade.
Conhecia o video mas aproveitei para rever e dar umas gargalhadas.
Cumps

opolidor disse...

Rei Pata

não percebi...os surumáticos são uma tribo?

abraço

MARIA disse...

Ahhhhhhhhhh
Que descriminação!!!
Porque é que a primeira prostituição que o rapaz interprete gestual "deita abaixo" se inicia num gesto a partir das costas ?
Adorei os "corruptos" - ele benzeu-se !!!
E o "Povo" é braço ao peito e mão ao ar.
Os surumáticos a avaliar pelo gesto são aqueles indivíduos que tiram coisas do nariz em público.

Concordo : bota abaixo !!!

Um beijinho amigo

Maria

do Zambujal disse...

É pá (como dizia o outro de boa memória e triste fim), que video excepcional! Que faz rir...e pensar.

Obrigado, pá! Também gosto muito de Moçambique: Maputo, Lichinga, Metangula, as gentes.

J.C.Cardoso disse...

Escrevo do Brasil.
Já conhecia o vídeo.
Apenas acrescento alguma coisa: quem são os dois? Isso é sério? São militares de verdade? Ou são comediantes?