quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Uma pedra da calçada no sapato

Não limito as minhas apreciações ao que vejo pelo buraco da fechadura ou da abertura das televisões. Hoje, de torrada na mão, tive oportunidade de ver um directo do exterior da Assembleia da República em que a objetiva filmava o chão do passeio com as pedras arrancadas, deslocando-se de seguida para um grande plano de uma pedra da calçada nas mãos de um pequeno jornalista. Uma reportagem exaustiva acerca das arestas, dos vértices e das funções que pode ter um paralelepípedo. Como sempre, agucei o meu sentido crítico à tendência da informação: alguém  atirou uma pedra para a cabeça de outro ou alguma cabeça se atravessou na trajetória dum projétil arremessado ao ar?!  E, se caso existia um alvo específico, poderá ser igualmente considerada a agressão, se o atingido tinha a trunfa ao léu ou se tinha um capacete e um escudo de protecção?!

Isto é, esse assunto interessa-me pouco e a violência ainda menos. Se querem ver uma manifestação acabar em desordem, ponham-lhe polícia à frente! De preferência uma polícia cuja única função seja apenas essa! Nenhum bombeiro hesitará em apagar a queimada de um agricultor se estiver trinta anos sem apagar incêndios! Por outro lado, se quiseram provocar a virilidade de jovens sem vida sexual, ponham-lhe trinta mulheres nuas à frente!

Quanto maior é o afastamento dos governantes da realidade social, maior segurança se exige à sua integridade física. Quanto mais polícias estiverem à sua volta, maior é a provocação aos que se sentem afastados das decisões.

Mas a pergunta que se deve fazer antes de atirar uma pedra a um polícia instrumentalizado, ou de arrear com um cassetete num popular indefeso, é: a quem mais serve a violência desorganizada?! 

O caso de ontem é um bom exemplo:
1º- Deita para segundo plano as razões, os objetivos e os resultados da greve.
2º- Cria na opinião pública geral antipatia pela luta dos movimentos sociais.
3º-  Inibe os mais pacíficos de participar em manifestações populares.

Isto, se ontem houve mesmo caso? "A televisão é um periscópio no oceano".
Uma greve geral pode ser uma pedra no sapato do governo mas uma pedra de calçada nunca atingirá o sapato de um governante - quando muito uma bota do polícia que o protege. E, se o protege, só tenho uma opção: entre um manifestante e um polícia, estou sempre do lado do manifestante!


11 comentários:

jrd disse...

Excelente!
Há que estar ao lado dos manifestantes mas também ter cuidado com os que "se servem" dos manifestantes.

Abraço

Zé Povinho disse...

As coisas tendem a agravar-se, com excessos de natureza semelhante. O desemprego gera cada vez mais gente desocupada, cada vez mais jovens sem nada de útil para fazer. O que querem que esta juventude sem ocupação e sem esperança no futuro faça, para além da asneira?
Abraço do Zé

Anónimo disse...

Era uma vez, há 2011 anos atrás, três Reis resolveram seguir uma
estrela refulgente, montados em três majestosos camelos.
Chegados a Belém, pararam junto a um estábulo e espreitando lá para dentro, Belchior, Gaspar e Baltasar viram o menino (Jesus), com Maria sua mãe.
Prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros,
entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra.
Belchior (o branco) terá oferecido ouro, Gaspar (o amarelo) terá oferecido incenso e Baltazar (o negro) terá oferecido mirra.
Sendo por divina advertência prevenidos em sonho a não voltarem à presença de Herodes, regressaram por outros caminhos às suas terras.
Muito embora nada mais se refira sobre este assunto nas Escrituras,
a história não acabou aqui.
Diz-se por aí, à boca fechada, que Gaspar se terá enganado no
caminho e 2011 anos passados, chegou a um país à beira-mar plantado.
Praticamente sem vintém, Gaspar tenta agora reaver a fortuna do passado.
Das toneladas de ouro de que terá ouvido falar, apenas resta uma
pequena parte.
Incenso nem vê-lo, terá sido queimado a quando dos festejos da Liberdade.
Resta-lhe mirra, MUITA MIRRA.
Mirra a saúde, mirra a educação, mirram os empregos, mirram os
ordenados, mirram as pensões de reforma, mirra a justiça, mirra a
segurança de pessoas e bens, mirram os direitos e a liberdade.
Em suma, mirra este povo que heroicamente para uns, pateticamente para outros, tem o FADO por destino.

Mar Arável disse...

Eu conheço pedras com vida por dendro

não defendo os calhaus

Olinda disse...

Ora aqui estâ uma anâlise com rigor e inteligencia,aos acontecimentos de ontem.
Concordo plenamente que o aparato policial,provoca violencia.Nao sei,atê que ponto,na sua atitude osrensiva,nao haveria mais prêplaneamento de provocar o que sucedeu,do que do outro lado.Nao gosto
daqueles bôfias.Fazem-me lembrar a policia de choque,do capitao Maltez.
Quem terâ sido o principal responssâvel,por aquela violencia gratuita?Quem aproveita o crime,ê sempre o criminoso.


Um Jeito Manso disse...

Gostei de ler e de conhecer este blogue. Um sentido de humor inteligente. Parabéns.

cid simoes disse...

De um lado estão os manifestantes, do outro os provocadores e a polícia que têm o mesmo patrão.

Anónimo disse...

*******NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA*******
Vale Azevedo vai ser libertado e nomeado Secretário de Estado Adjunto do Ministro das Finanças. Missão: negociar com a Troika alterações ao Memorando de Entendimento. Atendendo ao seu corrículo é certo que já este ano não haja défice e já em 2013 haja pleno emprego. Estimasse que o salário mínimo chegue em breve aos 1200,00 euros.

Anónimo disse...

Currículo com cu, claro!

Anónimo disse...

Estima-se que estimasse não exista. Ou eziste? Bou ber.

maceta disse...

no dia seguinte lá estavam os calceteiros felizes por terem trbalho...

abraç