à memória de meu amigo Barros que foi e nunca se pronunciou
1
Oh! Como eu gostava de voltar à Realidade...
Tanto que eu gostava de voltar à Realidade...
- Mas como?! – Não tenho meio de transporte!
Tanto que eu gostava de visitar a campa de um tijolo,
meu amigo,
sepultado lá... na realidade!
Mas não posso, não tenho meio de transporte!
Era um bom tijolo. Chamava-se Barros,
era banco e mesa na minha pequena casa.
Um dia convidei Deus para jantar na minha pequena casa,
Barros não aguentou com a divindade e, desfez-se em pedaços
no coração da minha pequena casa.
Por isto, foi sepultado na Realidade...
2
-Não! Ninguém voltará!
Diz uma lei qualquer da “Constituição da Natureza”.
- Mas eu sou real, nasci lá!
- Real sou eu!
responde-me o rei, e eu pergunto:
- Quem mais ama a pátria que o Exilado?
e o Sol responde. O Sol responde a tudo.
É o maior amigo que tenho aqui onde estou,
no Mundo em que as estrelas do mundo real
são os candeeiros duma cidade.
7 comentários:
É bonito.
E é por estas e outraas que eu não convido nenhum deus a jantar na minha casa...
Abraço, com o frio o oeste mas também com o Sol que há-de vir.
1
Os meus sentidos pêsames, se o Barros assim te servia, ele era como família. "Somos do mesmo barro", Deus diria.
2
Exilados de todo o mundo, uni-vos. E o Sol brilhará para todos nós, os exilados daqui
Deus é um glutão, come tudo e, por vezes, parece não se preocupar com a realidade dos mortais.
Abraço
Deus atira barro(s) à parede para ver se vamos na fita...
mas os candeeiros na cidade impõem-se. realmente: quando esmurramos o nariz neles.
A luz dos candeeiros está pelos olhos da morte
É difícil escrever com esta transparência.
Saudade, uma palavra para a qual não se encontra equivalente noutras línguas...
Abraço do Zé
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