quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Para se ser feliz é preciso ser-se egoísta.


Não faltam receitas, recomendações, frases e livros para se alcançar a felicidade e, em particular, na época de Natal o termo felicidade e seus derivados são marca de comunicação até ao ponto de nos sentirmos felizes por obrigação ou deprimidos por uma felicidade obrigatória que não conseguimos experimentar.

Poderíamos andar aqui às voltas com reflexões e conceitos do que é e do que não é esse estado de espírito, trazer ao discurso a velha máxima de que a dita não depende do dinheiro, haja saúde, medir quem é mais feliz do que quem, eu sou mais feliz do que tu, colocar numa escala de avaliação objetiva, como se exige para tudo nas nossas sociedades de competição, o grau de felicidade dos indivíduos.

Mas no caso presente, o que me traz ao título, foi a declaração segura duma personagem que hoje ouvi na rádio, apresentada como solidária, altruísta, preocupada com as desigualdades sociais e com as tragédias infligidas à humanidade, com os que sofrem e com os que não têm e que, no fundo, não acrescentava nada ao que já ouvi centenas de vezes ao longo da vida, seja da parte de outros testemunhos nos media, da minha vizinha do terceiro esquerdo, dum colega de trabalho ou do padre da paróquia.

Efetivamente, a felizarda criatura, fez-me mais infeliz: como é possível um ser minimamente sensível, afirmar a plenitude da sua felicidade perante o mundo, o país ou a governação que temos. Das duas uma, ou é doida ou é uma profunda egoísta. 

A única coisa que nos pode fazer sentir menos infelizes é a luta!

2 comentários:

Crisântemo Ciclomotor (primo da Rosa Mota) disse...

Votos de muitas Felicidades.

Maria disse...

Sim para ser feliz só sendo egoísta, surdo e cego em relação ao mundo que nos rodeia. Mas pior, todos nós vivemos nesse mundo. Por isso contribuir para que ele seja um pouco melhor, se possível, talvez seja utópico, mas pacifica e é pela paz interior que a meu ver se alcança a felicidade possível.

O Natal deprime-me um pouco ( faço parte desse pequeno grupo que por "obrigatória liberdade se deprime".

É um gosto lê-lo. Obrigado.

Maria