terça-feira, 18 de setembro de 2018

Marcando o ponto


Reparei hoje, há um mês que não escrevo na pocilga, na corte, neste reino. De facto, não tenho sentido impulso, predisposição ou paciência para mandar larachas para a fogueira. Este verão morno, a ciática e o vinho alentejano floresceram-me o tédio.

E, depois, não tem havido incêndios. Antes que o Costa venha gabar-se das medidas tomadas, deixem-me deixar a minha opinião: acho que o verão passado foi tão infernal que até os incendiários já têm medo de queimar os dedos.

Justifico-me ainda pela vida familiar e profissional que não são, por princípio, presença aqui e muito menos motivos para prosa mas que têm atazanado a minha disponibilidade intelectual para estender períodos e orações.

Registando as reflexões possíveis, saibam que me preocuparam muito as palavras dum Feio do CDS que, na TV, deu os parabéns ao PCP pela realização da Festa do Avante. Oh camaradas, cuidado, qualquer coisa menos boa  se anda a passar com a Festa para se ser atacado com um elogio destes!

Registo também o ponto em que, como revolucionário, tenho de conter a revolta perante o enxovalho a que os professores portugueses estão a ser sujeitos. Nem a dona Maria de Lurdes, nem o Crato foram tão longe como Brandão! Nem o Sócrates, nem o Passos foram tão longe como o Costa! Recorrer tão descaradamente à mentira porque se sabe que, mesmo desmentida, ela surte efeito, na minha opinião, é filha da putice suficiente para justificar a explosão da geringonça. Ver professores, desesperados, publicando a sua folha de vencimentos nas redes sociais, não percebendo que os clientes das manchetes do Correio da Manhã ou da Globo/SIC consomem as verdades imediatas dos seus títulos, só não me faz explodir de revolta porque sou um revolucionário. Isto, depois da conta dos 600 milhões e da carreira automática, é suficiente para considerar irmãos, filhos da mesma puta, Sócrates, Passos e Costa.

Depois poderia falar da Síria, da Líbia, do Iraque, da Ucrânia, da Catalunha, da Venezuela, do Brasil, eu sei lá!... Mas a política nunca foi tema que me fizesse discorrer a pena com facilidade. Costumava, isso sim, deixar por aqui umas histórias que, manifestavam-se alguns, eram do seu agrado.

Mas o Rei não está morto, nem nu, nem em cuecas, tem apenas os pés de molho. Um dia destes rebento por estas páginas digitais adentro e dou de mim tudo o que tenho, dos pés ao coração, ao fígado e aos rins, conto-me todo, canto o passado, visto o futuro  e dispo o presente, vestido ele que está de costas e marcelos, de europas e de américas, de tragédias e de sucessos, de... eu sei lá!

Desculpem lá, isto não passará duma página dum diário dum homem comum, dum rei do acaso. Rom, rom!...

5 comentários:

zambujal disse...

um rei revolucionário com os pés de molho.
sê bem-aparecido que muita falta nos fazes, porra!
forte abraço do Zambujal

Rogério G.V. Pereira disse...

Uffa! Que alívio
Julguei-te na secção de enchidos
e procurei-te em todos os talhos
(embora saiba que não deambulas)

Manuel Veiga disse...

marcando o ponto? mas é uma "aula" completa!!!

é tempo de retirar(es) os pés de molho. e de dar corda aos pedantes...


abraço

O Puma disse...

Na vida como nos pés de quando em vez há sempre uma unha encravada
Bom regresso

O Puma disse...

Na vida como nos pés de quando em vez há sempre uma unha encravada
Bom regresso