domingo, 26 de fevereiro de 2023

Entre tanto fino-me



Já não consigo dar conta do recado, não sei se devo falar ou estar calado, não sei se começo ou se me fino, se devo gritar ou viro clandestino. Fino-me num copo de cerveja! As antenas emissoras e os cornos dos seus donos dão sinais dos tempos, não se calam a falar dos fachos-mortos-vivos que chegam a presidências e parlamentos, não sei se é a sério ou se brincam à  História, não sei se hei de chorar derrota ou cantar vitória.
Na América Latina a virilha de Colombo incha de vermelho. A América Não Latina é a sede do Império que ergue na mãe Europa a frente da sua batalha. Aticem povos, cantem coronéis e bocas fogo e honrosas mortes que hão de matar os que ousarem levantar o focinho contra a cristandade.
Baixo-me das bocas dos canhões que no Médio Oriente partem em três o Deus único e dão à boca do ocidental capitalismo as vísceras dos corpos que rebentam.
Baixo-me, baixo-me, dispenso-me, envergonho-me por detrás dos sofás dos  tê três ocidentais, bacano, parece que o benfica ganhou dois três e o cristiano vai voltar ao real, se o gasóleo não subir muito mais, nem o oceano, eu aguento mais uma crise, pois claro, que podem os medinas fazer? safarem-se! safarem-se disto! cavalgar a porca fugindo do cavalo! que o povo está à espera é de marinheiros, antónios, marinhos, montenegros, montanelas, cu-trins, cu-elhos, venturas, volta salazar! ordem, respeito!

Mas estava eu a falar que já não sei para que lado me hei de virar: luto na rua? volto à luta armada?
ouço a populaça ou mando-a estar calada? fumo um cigarro ou bebo uma assentada?

Levanto-me, le-van-to-me!
Ai a Rússia, ai a Ucrânia, a Alemanha, ai a Espanha, a Inglaterra, ai a Terra, a Escócia, a Irlanda, a Catalunha, os curdos, os turcos, os sírios, os bascos e o Alentejo, ai o décimo terceiro mês!
O Chile, ai o Brasil e a Argentina, a Colômbia, a Bolívia, o México e o Equador, ai  a dor que seu sinto quando penso em Mação! Está tudo queimado!
São tudo tretas, nada é fado, é a luta de classes seus macacos, um mundo em cacos que se levanta agora
mas tenho medo, não de viver  as coisas que acontecem sempre agarrado à cepa torta mas de morrer e continuarem vivos os fascistas. Dou graças por não ser norte-americano e ser latino, latina américa, força, avança, estou contigo!

Entre tanto fino-me! Onde é que eu estava?
Estou sempre do lado donde estão os poetas e os cantores!

5 comentários:

Janita disse...

Entre tanto e tanta treta
que nos querem impingir,
melhor é afogar as mágoas
na espuma da branca e da preta.

Falo da geladinha imperial, que nos refresca por dentro
e ora em prosa, ora em verso, damos alívio ao tormento...

:)

Pata Negra disse...

Boa Janita, estás quase poeta! mais um verso e a gente sente...

Janita disse...

Quase? Ainda falta muito?
Por este andar nunca mais lá chego!
Vou continuar a praticar...✍

Pata Negra disse...

Desculpa Janita, é claro que na poesia não há quase, no modo de juntar três palavras já se sabe! Somos poetas inteiros para nós, para os que gostam de versos difíceis de perceber, somos aleixos, para os literais temos pancada. Habitua-te a não me levares à letra, a não me ligares nada! A poesia começa muito antes das palavras, os versos são quase sempre tretas! Adoro as contradições que me habitam, são a minha casa.

Janita disse...

Eu também sou admiradora das suas contradições, P.N.
No problem!👍
Gosto e ligo muito a tudo o que escreve.😊