Dou-te a minha direção:
Albergaria dos Doze,
Maria da Conceição."
... cantava a minha mãe. Mal adivinhava eu que a viria a recordar cada vez que ouço esta canção da guerra civil de Espanha.
A minha mãe cantava, cantava de joelhos quando encerava o chão, cantava de pé enquanto me vestia, cantava agachada enquanto me lavava, cantava curvada quando lavava a roupa, cantava com as outras do rancho do sacho, cantava descalça enquanto regava, era daquelas mulheres que cantavam, uma cantadeira do campo e da lida, do canto natural, o canto espontâneo e autêntico que existe apenas pelo gosto de cantar, o canto que dispensa o público, o microfone e o gravador, que tanto canta a alegria como a dor, tanto irrompe na festa como na tragédia, tanto chora a tristeza como ri na comédia, a minha mãe cantava por tudo e por nada e, no entanto, só me recordo dela subir uma vez ao palco, foi na associação, curiosamente para cantar comigo uma desgarrada. E se cantava bem minha gente, a minha mãe! Já eu, não canto nada!... Porém, canto na mesma.
Nota: a minha mãe não se chamava Maria da Conceição e eu não sei onde fica Albergaria dos Doze.
Nota: a minha mãe não se chamava Maria da Conceição e eu não sei onde fica Albergaria dos Doze.
3 comentários:
A tua mãe merece-te bem!
(Assim como há outros que merecem os nomes que chamam às respectivas mães.)
ACho lindo o teu post: de amor e luta
Obrigado por ele.
A tua mãe merece-te bem!
(Assim como há outros que merecem os nomes que chamam às respectivas mães.)
ACho lindo o teu post: de amor e luta
Obrigado por ele.
Minha mãe, também cantava assim
como descreves aqui
Acho porque
somos filhos de mulheres que cantam
que temos por dever
semear canções
em quem as queira aprender
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