Dezembro. Estou completamente dezembrado. Inverno e chuva. Morte aqui e acolá. Dizem que é uma pandemia. A República é um autêntico pandemómio. O presidente da república é um pândego fascinado pela ereção dos seus próprios mamilos. O primeiro ministro dá-nos as suas palavras de cada dia como um padre que do púlpito interroga a sua própria fé. Há que inventar frutos proibidos para que a populaça se iluda que o que se pode fazer, está a ser feito. É só fumaça. Não encham os hospitais. Crê-se que os cemitérios não esgotarão a sua capacidade.
A televisão não cumpre o seu papel, delira com números, especialistas, estudos, previsões e profecias. Os comentadores choram os que caiem nas margens da pobrezas ao mesmo tempo que batem em tudo o que cheire a organização de trabalhadores. Os capitalistas mudam as agulhas à cata de novos investimentos, os apologistas do privado apelam ao estado.
Os serviços de saúde cumprem o seu papel, profissionais esquecem as humilhações e tratam dos doentes. Os comentadores pedem palmas aos da linha da frente, assim lhe chamam eles, ao mesmo tempo que batem em tudo o que se refira a empregados do estado. Os capitalistas também querem ganhar com a doença mas avançam que o setor privado não existe para tratar pandemias.
Entretanto é-nos anunciado o Natal. Só nos faltava o Natal. Pois eu que não vou de simpatias com os presidentes e ministros da república, com o jornalixo da televisão, com o Natal de paixão pela mesa cheia e compaixão com os pobrezinhos, não me incomodo. E também gosto de ficar em casa a escrever, mesmo que saia um texto sem grande sentido e sem grande razão, como é o caso.
2 comentários:
Atão o qué qué isso?
Estás a meter-te em espaço que me está reservado
Se teu texto tem grande sentido ou não e se tem grande razão ou não,
é competência
de quem comenta
Mas tá bem, como hoje me sinto Palma
desculpo
(mas subscrevo o que sentes na tua porca alma)
... como não foi o caso. bem pelo contrário (digo eu).
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