sábado, 12 de outubro de 2019

Princípio do utilizador-pagador

Num banco artificial do jardim artificial, em frente ao lago artificial, está um velho natural sentado naturalmente à espera do Outono. É um reformado. Vive às minhas custas, portanto!... E, no entanto, o velho não paga nada por ali estar. Mas devia pagar! Não pensem que se trata de um daqueles bancos antigos de tábuas horizontais, pintadas de vermelho e com perfil de ésse invertido! Não! É um banco de design moderno e sem encosto, tipo banca de matança de porco, todo fundo europeu!... Para estes bancos, deviam existir banquímetros para dar cobro ao inquestionável pensamento do utilizador-pagador.
Não pensem que o velho está ali a fazer alguma coisa. Está só a pensar.
Eu penso que nunca me irei sentar naquele banco. Porque obra de fundo com participação nacional o hei-de estar a pagar?!
Eu penso nas folhas a cair. Devia de me ser descontado o tempo em que da janela do meu emprego eu vejo as folhas cair.
E era só, vou perguntar ao velho se tem nome e se sabe quando vem o Outono.

5 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

O nome do velho?
É Rogério

O Outono?
Já cá está,
só que o Verão
não o larga da mão

Pata Negra disse...

Rogério, velho é o outono! E ainda nem sequer nasceu!
Obrigado outonal

Zambujal disse...

estou naturalmente sentado numa cadeira de secretária. a ler e a teclar. vê-se, claro. claro que sou velho e vivo à custa dos que o não são. e trabalham para que eu (e eles!) vivam. mas isto tem a ver com o que penso que é o trabalho (e outra palavra que rima com esta mas se costuma escrever assim: ******o). e me apetece mandar para esta outra palavra os que vivem a explorar (o que é diferente de viver à custa de) os que trabalham.
e mais não digo a não ser que se ****m (outra palavra do léxico filho da ***a) os bancos, e não só os construídos com fundos dos fundos de uma U**** *******a de-funta ou, pelo menos,
falecida.
tenho dito e a culpa é tua! pois!... porque escreves coisas destas. escreve +, porra, perdão,
****a!

Rogério G.V. Pereira disse...

Levei
e não sei
se devia ter levado
é que o bácoro
está pesado
(mais que o texto ocupa-me espaço.
Tens a certeza que não é porco-velho?)

Mar Arável disse...

Até ser dia