sábado, 3 de julho de 2021

Do amor e do trabalho

Só mais um verso! Pedi-te eu depois de apagares o candeeiro. E adormeceste. Soube mais tarde que te dedicaste a uma carreira. É assim, quem foge do amor tem de se esconder atrás do trabalhinho, quem o procura tem de dedicar-se à noite e ao excesso. 
Foi nessa entrega que encontrei os versos que faltavam ao poema. Foi duro, tive de cantar muitas cantigas:
- Ai eu coitado, como sou um desgraçado!
- Ai eu contente, como sou o diferente!
E nada! Até que um dia...

Ganhei-te. Nenhum lugar de topo ou fama pública que façam os outros dizer "venceu na vida!", vale tanto como a poesia que se fecha num círculo duma lareira ou numa mangueira que chega a todas as árvores dum quintal. Nunca dei nada por quem muito trabalha. Dou mais para o lado de quem colhe amoras e, quando muito, trata a seara e a vinha apenas com o fim de saborear os seus frutos.

Dos versos seguintes, dos versos que faltavam não te falo. Era o que faltava!...

4 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rogério G.V. Pereira disse...

Tens razão,
perdi meu amor
e esforço-me em trabalho
para esquecer a perda

Tens carradas de razão
o excesso de trabalho é uma alienação
umas vezes se aceita, outras não

Pata Negra disse...

Abraço Rogério, estamos sempre com razão. Tantas vezes que seria melhor não a ter!
O vento por aqui também não anda certo mas sempre faz mover os moinhos.

Zambujal disse...

Ah!, os poetas... que raio de gente...
a fala do homem sobre o vento incerto

Abraço
Z.