sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Natal em tempo de guerra

O Natal não é um direito nem um dever, não é um presépio nem um ato de fé, não é comer nem comprar, não é dar nem receber, nem é dó nem caridade, não são cartões recebidos ou enviados, nem luzes a apagar e a acender. 

O Natal não são pais, nem mães, nem meninos, nem meninas, nem burros, nem vacas, nem perus, nem leitões, nem bacalhaus. 

O Natal não são discursos de clérigos, de magistrados ou de estrelas, nem mensagens de boas festas de gente que se julga dona do nosso destino. 

- Já me estou a passar! Avé José Putin! Avé Maria Biden! Avé burro Zellinsky! Avé vaca Ursula von der Leyen! Avé peru Benjamin Netanyahu! Avé bacalhau Lagarde! Avé leitão Macron! – já me estou a passar! – Costa vai-te!... Marcelo desopila! Já me estou a passar! Esfolem o nado fascista! Acreditem no amor!

- Amor desliga-me essa porrra do noticiário! 

Lá se foi a presente mensagem de Natal! Descambou-me o texto, o pensamento, a intenção! Se calhar o Natal é tudo aquilo que eu disse que não era! Não sei o que é o Natal, é muito esquisito mas não sei o que é. Devolvam o Natal onde ele pertence, à Palestina.

- Muda para o dois que estão a dar bonecos!

- Vai mas é fazer o presépio!

- Não é preciso, vou imprimir esta foto!



3 comentários:

Tintinaine disse...

Muito bem imaginado. Também eu estou farto de toda esta palhaçada, mas só desligar a TV não basta! Talvez atirá-la pela janela fora ajude!

Janita disse...

Um texto amargo e duro quanto baste para desalentar qualquer crente.

O Natal consumista, cheio de luzes a piscar e música a espalhar-se pelo ar das ruas das cidades e vilas, é um Natal que não é da minha nem da sua meninice. É, por assim dizer um Natal dos dias de 'hoje'. Já O Natal em tempo de guerra é um Natal de todos os tempos.
Dos nossos avós, pais, nosso e dos nossos filhos e netos.

Celebremos o dia do nascimento de Jesus como celebramos os dias de aniversário dos nossos filhos. Com a alegria possível, festejando com as pessoas possíveis, lembrando os que já partiram, os que estão ausentes e os que gostaríamos ter tido e nunca tivemos.

Feliz Natal, PN!

Rogério V. Pereira disse...

Fico com inveja

Teu texto
gostava de ter sido
eu a escreve-lo

Abraço natalício