Toda a estratégia que países como Portugal têm seguido no combate à droga é um fracasso, porque nasce da ignorância e do preconceito, porque se apoia no desconhecimento e na arrogância, porque idealiza a vitória mas nunca o acordo, porque se dirige aos números e não às pessoas, porque privilegia a proibição e não a liberdade.
Não admira, portanto, que o Portugal da Europa dos “durões” e dos “costas” embarque nos porta-aviões com que os “guaidós” ameaçam de morte os bolivarianos, deixando para trás o direito internacional que tanto os escandaliza noutras fronteiras. O problema da droga, afinal, são os “maduros” que cavalgam os moinhos de vento de D. Quixote e o Sancho Pança que vende boliscos de burro.
Trago há muitos anos na memória esta história persa, que talvez nos ajude a pensar em não complicar o que é simples:
“Três homens intoxicados — respetivamente pelo álcool, pela heroína e pelo haxixe — chegam, durante a noite, às portas fechadas de uma cidade.
O alcoólico, tomado de raiva, grita: ‘Deitemos a porta abaixo. As nossas espadas conseguem fazê-lo sem dificuldade.’
‘Não’, responde o heroinómano. ‘Instalemo-nos aqui fora, descansamos até de manhã e logo veremos.’
O consumidor de haxixe, por sua vez, declara: ‘Que ideia mais absurda! Passemos todos pelo buraco da fechadura.’”
Não vou beber aguardente, não vou snifar, não vou fumar; quero só um copo de água. Estou cheio de sede: passei a tarde inteira a tomar banho na barragem, regressei a casa pelos cabos de energia e agora estou dentro da lâmpada da cozinha, sem conseguir sair. Alguém poderia concluir que bebi água demais, mas a verdade é que estou seco como um deserto e não sei o caminho para o interface entre a canalização elétrica e a canalização de água, para chegar ao lava-loiça e encher um copo. Vou partir a lâmpada, beber um copo de água e depois descansar — que é o que faço todos os dias. Será que ando drogado!?
Valha-me Santo Augusto Santo Silva! Tirem as mãos da Venezuela e enrolem um charro!
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