quinta-feira, 3 de abril de 2008

O Comentador

Existe para aí, em mundos que não são o meu, um título ou coisa parecida que rotula certas criaturas com o nome de "comendador". Pergunto eu: o que é um comendador?!

No meu reino, chamar-se-á a isso "comentador"?!...

Pois bem, o Senhor Alberto Cardoso, ilustre e desconhecido servo que, qual Corcunda de Notre Dame, tem animado o imaginário dos escuros labirintos e aposentos desta corte, excedeu-se desta. Refiro-me ao seu comentário no post de ontem - Vale Tudo.
Sempre com o trato devido de "Majestade" que se me deve e com o reconhecimento humilde que o trono exige, tem-me lustrado a coroa de forma exemplar, pelo que já lhe devo, há muito, o gesto de o condecorar com as insígnias de "Comentador".
E andava eu, já há uns tempos, a congeminar a forma de dar forma, com protocolo e cerimónia, a expressão do titulado, quando surge, inesperado, o comentário que transcrevo:

Majestade. Antes de mais quero apresentar a Sua Alteza Real e à Sua Realíssima Família (sem ofensa!) os meus cumprimentos. Depois deste intróito que fica sempre bem quando nos dirigimos a um eleito pelos deuses (não é Rei quem quer mas quem para isso está destinado), pois, evidentemente, já nem sei onde ia, mas ah, dizia eu, ou melhor, queria dizer que aprovo e aplaudo o Vosso propósito de juntar um burro ao Real agregado familiar mais próximo. Esta opção pelo burro prova, uma vez mais, a superior sagacidade de Vossa Alteza Real. Cães e gatos, pelos vistos, não faltam ao redor do Palácio; cobras e lagartos há por todo o lado (quem os não ouve?) ratinhos, coelhos e afins, calculo, também haverá ao redor da Residência Real e tartarugas não aconselho a ninguém pela tristeza que nos vem, quando ao fim de 400 anos (mais 100 menos 100, elas se finam). Daí a inteligente ideia do burro! Mas dos genuínos, dos de 4 patas, orelhudos, de cauda e com tudo o resto a que têm direito. Nada dessas imitações que por aí proliferam. Tanto quanto sei, é de uma injustiça atroz chamar burro a um animal que, dizem os entendidos, de “burro” nada tem (reparem nas galinhas!). Além de que os burros estão em vias de extinção devido à modernização industrial da agricultura, às novas vias e meios de transporte e ao «corre-corre» dos dias de hoje. De tudo isto resulta que os burros só poderem continuar a existir enquanto houver pessoas, como Vossa Majestade, que se empenhem na sua preservação. Mas atenção, Majestade. Se ficar apenas pelo burro só fará metade do que é necessário.Não conseguirá Sua Alteza convencer um qualquer outro reino ai das redondezas a adquirir uma burra para dar satisfação aos inevitáveis anseios do Real burro e, conjuntamente, ele e ela, darem continuidade à espécie?
Alberto Cardoso
Caro servo Alberto, eu tenho porca! Gostava de ser burro, mas já existe para aí o Jumento, o País do Burro, entre outros equídeos, que povoam a fauna blogosférica mediterrânica. É verdade que, reencarnando eu numa vida asna, pouco se alteraria o meu papel na mundana existência, do rom-rom para o in-om-in-om seria mínima a distância mas, mesmo nesse caso, eu não dispensaria a minha porca. Por isso, Cardoso, porco ou burro, a porca será sempre rainha!

Respeitosamente,
seu Servo-Rei
Pata Negra - Rei dos Leittões

4 comentários:

Zé Povinho disse...

Majestade
Deixe-me tirar o meu chapéu perante tal diplomacia e pleno respeito pelo protocolo a que está vinculado, nesta resposta cordata e elegante.
Permita-me também que manifeste a minha preferência por uma boa febra, em detrimento do bife de equidio, aliás muito mais raro e só acessível a uns quantos bafejados pelos favores da fortuna.
Sempre ao dispor
Zé Povinho

Oliva verde disse...

Cada vez gosto mais dos TóZés sem curso mas que sabem bem onde vão colocar o estrume dos animais!

AJB - martelo disse...

inegável é o estilo distinto da escrita do servo de V. Majestade, ele desencadeia a letra de forma tão estilosa que até cresce babas na boca...nada que chegue ao distinto sangue azul, embora sangria tambem se engula agora que a temperatura do reino está a crescer.

SILÊNCIO CULPADO disse...

Majestade
A arte de bem escrever está bem patente na sua distintissima pessoa.Mas deixe-me que lhe diga, não cobiço as suas febras. Um verdadeiro porco deve ser bem estimado e jamais comido.
Quanto ao burrico, eu adoro burricos genuínos mas agora só encontro falsificações.
E atenção, majestade, olhe que os porcos estão a levar o mesmo caminho.

Um abraço genuíno