domingo, 14 de setembro de 2008

Mudam-se os tempos

Ficou-me dos meus catorze anos a memória de um daqueles professores que não esquecem. Naquele ano, toda a turma começou a gostar de Físico-Química, todos os alunos começaram a ter bons resultados e olhem que não era por favor, a malta aprendia mesmo. Um professor, como haverá muitos, calmo, cativante, mobilizador - Um Professor.

Depois da Páscoa ficámos chocados com a notícia de que o irmão Diamantino fora nomeado provincial dos Maristas e que, por tal motivo, iria deixar de ser nosso professor. Como uma das imagens do mestre era a cana numa mão e o cigarro na outra decidimos-lhe oferecer um cinzeiro -uma bota de pedinte em cerâmica - com um maço lá dentro. Desembrulhada a oferta, o contemplado sacou do maço e subiu as escadas do auditório distribuindo e acendendo um cigarro a cada um. Regressou ao estrado e deu solenidade ao momento com duas ou três palavras.

Olha se fosse hoje e fosse professor do ensino público, apanharia um processo que nunca mais voltaria a ser nem bom nem mau professor.

Acabo de fazer uma pesquisa na internet e logo na primeira tentativa e no primeiro link encontrei uma breve biografia deste grande professor. Fiquei feliz por sabê-lo vivo. Estou certo que o deixarão em paz pelo facto aqui revelado.

Claro que se fosse hoje o irmão Diamantino também não faria o mesmo mas é curioso verificar como se mudam os tempos e as vontades.
A propósito, revelaram-me hoje um método infalível para deixar de fumar. Desta vez acho que vou conseguir. A receita é simples:
- Se queres realmente deixar de fumar, deixa de comprar tabaco e não peças cigarros a ninguém!...

5 comentários:

Tiago R Cardoso disse...

Realmente eram outros tempos, quando não se entrava em fundamentalismos e se vivia sossegadamente, podia ate´ser menos saudável, mas como dizia o meu avô, deve ser tão triste morrer-se cheio de saúde.

José Lopes disse...

É para mim uma absoluta novidade saber que sua majestade também teve como professor um frade Marista, porque eu passei alguns anos da minha infância num Colégio Marista, e ainda hoje recordo com saudade muitos dos meus professores desses tempos, a quem eu devo muito.
Cumps

Anónimo disse...

grandes professores tive, alguns nem tanto... mas, a recordação dos realmente bons na vocação é inesquecível e o resultado foi alguma sabedoria...

AnA disse...

Andar a distribuir cigarros a alunos de 14anos, na sala de aula,não seria um acto muito aplaudido por mim, de facto.

Penso que ele hoje em dia tb não o faria.

Guardo um carinho especial por um professor que tive no 10º ano. Professor com P enorme. Enorme tb era o seu coração e o seu poder de nos cativar e ensinar. Ensinar não só a matéria curricular, como ensinar a sermos mulherzinhas e homenzinhos.

Um beijo grande ao Prof Francisco Nuno, onde quer que ele esteja.

Meg disse...

Pelos vistos, estamos em maré de recordações.
Fomos uns privilegiados, meus senhores... nós que nos lembramos dos nomes e do carisma dos nossos professores. Outros tempos... e fico-me por aqui.

Um abraço