domingo, 7 de setembro de 2008

Tenho sede

Dedico esta história àqueles que dedicaram a vida à gestão da água dos rios e das ribeiras, dos regatos e das represas, dos poços e cisternas, das fontes e nascentes, dos cântaros e bebedouros.

Dedico também ao meu pai que passou tardes inteiras a tirar água a balanço no vale Feto, à minha mãe que passou noites a guardar a água da represa da Terra Fria, ao meu irmão mais velho que era um perito no manejo do motor de rega a petróleo e à burra velha que morreu quando andava à nora. Dedico ao meu filho a quem irei contar esta história dos vasos.

"Uma velha chinesa possuía dois vasos, cada um suspenso na extremidade de uma vara que ela carregava nas costas.

Um dos vasos era rachado e o outro era perfeito. Este último estava sempre cheio de água ao fim da longa caminhada do rio até casa, enquanto o rachado chegava meio vazio.

Durante muito tempo a coisa foi andando assim, com a senhora chegando a casa somente com um vaso e meio de água.

Naturalmente o vaso perfeito era muito orgulhoso do próprio resultado e o pobre vaso rachado tinha vergonha do seu defeito, de conseguir fazer só a metade daquilo que deveria fazer.

Depois de dois anos, reflectindo sobre a própria amarga derrota de ser 'rachado', o vaso falou com a senhora durante o caminho: 'Tenho vergonha de mim mesmo, porque esta rachadura que eu tenho faz-me perder metade da água durante o caminho até a sua casa...'

A velhinha sorriu: Reparaste que lindas flores há somente do teu lado do caminho? Eu sempre soube do teu defeito e portanto plantei sementes de flores na beira da estrada do teu lado. E todos os dia, enquanto a gente voltava, tu regáva-las.

Durante dois anos pude recolher aquelas belíssimas flores para enfeitar a mesa. Se tu não fosses como és, eu não teria tido aquelas maravilhas na minha casa.

Cada um de nós tem o seu próprio defeito. Mas é o defeito que cada um de nós tem, que faz com que nossa convivência seja interessante e gratificante."

história recebida por e-mail

8 comentários:

Oliva verde disse...

Que cinzento seria este mundo se cada um de nós não pudesse partilhar os defeitos que tem!
Um abraço

Tiago R Cardoso disse...

nem podia ser de outra maneira, fossemos todos perfeitos e isto seria uma seca.

A interacção entre diferentes "defeitos" é como bem dissestes interessante e gratificante.

Anónimo disse...

aceitar cada um como é, mas isso é complicado para alguns... simbolicamente uma pequena bela história.

abç

José Lopes disse...

Como disse o Tiago, a perfeição absoluta seria uma seca, e eu gosto da diversidade, q.b.
Cumps

Abrenúncio disse...

Grande lição de moral! Os chineses nisto são imbatíveis.
Saudações confucionistas do Marreta.

AnA disse...

Concordo com o meu caro guardião e com o Tiago. Um defeitozito nunca fez mal a ninguém.

Uma pequena grande história para tb eu contar à filhota. ;-)

SILÊNCIO CULPADO disse...

Pata Negra
Lindissima esta história que vem de encontro à minha forma de sentir e de pensar. A diversidade é uma riqueza que todos devemos preservar e são as nossas diferenças que nos completam. Aquilo a que muitos chamam defeitos eu chamaria características porque não sei exactamente o que são defeitos.
Abraço

Meg disse...

Caro amigo,
Tirar partido até dos nossos defeitos é a lição que esta história dos dá, ou seja, não desdenhar nunca o lado menos bom, mas valorizá-lo tanto quanto possível.
Um abraço