Dizem que estamos protegidos porque já somos europeus! Como é possível ter fé numa Europa que escolhe Durão Barroso entre 300 milhões de indivíduos?!
Lá em casa, eu menino, a coisa não dava para ter junta, para ter vaca ou para ter burro! Cão, houve uma vez um mas finou-se no entusiasmo de um dia de matança! Claro que havia capoeira, coelhos e pombal! E existiam, também, quatro ovelhas e a porca! Ora, é na porca que entro eu:
Era eu quem levava a lavagem, tirava o esterco, punha o mato e levava a porca ao porco. Quando a porca era para capar (a porca?!) ou para matar, eu distinguia-me na lide da pega provocando o elogio da malta que, por tal destreza, me começou a alcunhar "João da Porca". A porca fazia-me homem nem que fosse para eu lhe abrir a cova se ela morresse de peste!
A nossa casa não era casa de lavrador de ter parelhas, além das quatro ovelhas, só tínhamos mesmo a porca! O transporte das coisas, para o campo e do campo, era feito pelo atrelado, ora preso à mota, à bicicleta ou às mãos, conforme as habilitações e a condição do tarefeiro! Quando a carga mais pesada ou volumosa o justificava, a troco de meio dia, o carro de rodas de um tio ou vizinho mais solidário cumpria a ajudinha! Sim, porque nós éramos uma família mais moderna! Já não tínhamos sequer burro nem albarda! O meu pai era operário e a minha mãe, mãe e agricultora de subsistência!
Levar a porca, para vender os bácoros, aos 12. A minha mãe com uma saca de milho e um baraço atado à perna traseira da mãe suína e eu, atrás, com uma verga na ninhada! E quando vinha um carro?!... O desembaraço para arredar caminho! Tinha de se ser rápido que o chofer era de outra condição! Depois, no largo, a mãe deixava-me as deixas de preço e o "vem já!" para responder aos bacoreiros e ia fazer a sua volta. E eu ficava ali crescendo com a feira, convencido que o meu futuro passaria sempre por ali. Quando a mãe voltava fechava-se, ou não, a venda. Mas nem que fosse só a porca mãe que, por bom negócio, voltasse a casa, a estrada de regresso era um tormento - fosse um burro e bastaria um "arre!" para que ele compreendesse o alívio que é retornar ao lar!
13 comentários:
Gosto muito destas histórias! Também a mim me dá para contar os meus tempos de criança, a idade da inocência! Não o faço por nostalgia, dada a passagem do anos, mas, tão-só, porque as outras, aquelas em que eu era mais crescida, já não será muito conveniente contar! :D
Pata Negra
Já sei que não te conformas que alguém diga que o PS vai voltar a ganhar as eleições ainda que perca a maioria absoluta. Não será com o meu voto mas as sondagens ainda o põem à frente. Em tempos eu fazia sondagens e muitas empresas ainda me mandam alguns resultados das que estão efectuando.É nisso que me baseio. Mas não te aflijas porque o PS tem vindo a descer nas intenções de voto e o PSD também não recupera nem o CDS. São os partidos de extrema esquerda BE e PCP) que estão a capitalizar o descontentamento e também os votantes em branco.
Relativamente à outra parte do post eu acho que tiveste uma infância muito rica, muito mais rica que a dos meninos ricos que levam o dia fechados no quarto com ar condicionado a jogar playstation ou no computer.
Abraço
Gosto desse teu lado senil, abre o teu lado humano e libertas-nos da deferência devida a sua majestade. Gostamos mais de te ler assim.
E não estamos a ficar velhos por nos lembramos do tempo em que os homens passeavam os porcos e os conduziam.
Hoje somos conduzidos por eles numa imensa agonia!
Gostei da apologia suína. Eu próprio quando fazia parte do espectáculo também tinha que contracenar com uma porca, embora um pouco à distância.
A propósito, já não há mais insígnias para atribuir? Não costumava ser à sexta? Se já acabaram os fidalgos da corte que tal começares a distribuir à sexta o título de "fidalgo da javardice" aos elementos que mais se distiguem no intuito de preservar o poleiro político em Portugal. Eu sei que é um bocado complicado até porque seria necessário contratar uma fundição para produzir em série tantas insígnias, mas também aí podia garantir-se que pelo menos essa fundição certamente não fecharia por falta de encomendas.
Saudações do Marreta.
Todos nós ficámos a conhecer melhor Sua Majestade. Não há dúvida que é (foi) uma infância fascinante, talvez devido ao ambiente campestre...
Gostei imenso deste post. Parabéns.
Um abraço
Compadre Alentejano
Se o Google "aprender" faz muitíssimo bem!
Mais uma grande pedaço de história...
"E eu ficava ali crescendo com a feira..." valeu a visita de hoje!
Abraço
Noutro continente e bem no meio do mato (o Macúti era então um mato), também eu cresci no meio de galinhas, perus e outros bichos, o que foi um prazer, com algum trabalho mas divertido. Por lá falava-se pouco em monarquia, e o meu melhor amigo, o Tejo (um cão curtido), tinha apenas um "T" no nome, que éramos todos plebeus.
Bom domingo
Cumps
Pois eu, vejo o país como uma enorme tenda de circo. Muitos trapezistas, funâmbulos, porcos e palhaços...
E quando o aplahço rico fla sem graça, todos aplaudem e querem mais...
Assim sendo, que outro espectáculo poderemos ter?
--------------
Infância saudável, a tua!
Um abraço ao domingo.
Rei dos Leittões,
Não dê como certo o que ainda não é certo.
Gostei muito de ler este seu texto de alto a baixo.
Escrevi uma carta ao PR sobre o autismo; se soubesse teria escrito a Vª. Majestade...
Saudações e um sorriso
REI dos LEITÔES
Adorei o texto
mas até eu já penso que estou senil
O PS vai ganhar outra vez as eleições????
A minha esperança que era uma velinha
pequenina vai-se apagar
fiquei depremida.
Com todo o respeito
que tenho por vossa magestade
Um abraço
Pata Negra
Onde estão os ventos da mudança neste País recessado? Onde está a esperança?
Talvez em qualquer lado
Onde haja gente
capaz de ir em frente.
Vamos à Pala? Ainda não desisti.
Abraço
Olá Majestade.
Li o seu texto que achei de TRUZ como, aliás, já nos habituou. Pelos comentários enxerguei que mais comentadores o apreciaram. Para aqueles que se detêm na parte em que Sua Alteza Real conjectura que o PS voltará a ganhar as eleições quero dizer que ainda há uma esperança: o PS ganhará mas não é adquirido que o pseudo engenheiro seja o primeiro-ministro. São tantas e tais as trapalhadas em que está metido que TALVEZ não seja ele o escolhido. TALVEZ!!! Não é muito mas é uma hipótese a considerar.
Os meus respeitos para Sua Majestade e Sua Real Família.
Alberto Cardoso
Já havia visto o texto na sexta-feira, Majestade. É esmagador! Tão belo no conteúdo e na escrita que perdi as palavras.
Apenas por isso, fica só o beijinho com a amizade de sempre.
Maria
Enviar um comentário