A Teresa cantava isto tão bem que justifica a inadequação de vídeo a este reino.
O bom Cipriano encontrou uma solução para Teresa não se afastar. Ela começaria a fazer parte da banda fazendo uns coros e cantando três ou quatro canções. Durante o dia, ficaria a tomar conta da piscina e do bar da piscina. Já tinha falado com a sua filha e ela não se importaria de partilhar o quarto com a nova empregada do papá.
Em troca pedia-me a guarda dum segredo e a possibilidade de ir com ele e com a cunhada a Aveiro.
- Porra! Mas tu não te controlas!? A gaja está noiva e é irmã da tua mulher!
- Eh pá mas o que é que queres?! Eu …
- Então mas o noivo, não?!…
- Ela queria ir virgem para o casamento….
- Chama-me burro!!!!!
- Eh pá! Eu andava a tentar ensinar-lhe como é que se podia simular a virgindade e olha, calhou!...
- Então mas agora, a semanas do casamento, como é que vais descalçar a bota?
- É por isso que estou a pedir a tua ajuda!
Os familiares de Teresa, fizeram-se amigos da casa e partiram sem colocar obstáculos ao seu novo emprego. Por outro lado, Teresa, da raça que era, rapidamente se fez à casa, se fez amiga dos seus frequentadores e se fez regularmente enamorada.
No grupo, começámos a ensaiar meia dúzia de temas para a nova voz feminina. O ar de Teresa, o seu estilo entre o marginal e o sensual, a sua presença em palco, reanimaram o sucesso da banda e a vida interna do grupo. Os ensaios, as viagens, as desbundas e o convívio transformaram-se. A relação que os dois mantínhamos, não modificou a relação que existia entre a malta porque não éramos do género de nos fecharmos entre carícias nem de vender paixão. Aliás, assumíamos, dia após dia, que o nosso namoro era superior ao amor, era de simpatia e carne, era de juventude e necessidade. Gostávamos um do outro e gostávamos de curtir.
Naquele Agosto tivemos vinte e três actuações. Quase não parámos em casa, Foi sempre a abrir.
A Cipriano convinha este ritmo por todas as razões e mais uma: para esquecer.
- Diz que não, que quer ter o filho!
- Eh lá patrão. Isso vai ser um molho de brocas! E eu que gostava tanto de ir conhecer Aveiro!...
- Deixa-te de brincadeiras! Já tenho uma solução: ela não se importa de ir para França para casa da irmã mais velha, desde que eu a vá levar! Aproveito e trago umas aparelhagens.
8 comentários:
um Cipriano cheio de recursos e malandrice. A Teresa ao menos tinha boa voz?
Abraço do Zé
Tu precata-te ou ainda te me metes num molho de brocas igual ao do Cipriano!
Esta história, toda ela, poderia ser verdade, até porque temos um certo jeitinho para atrapalhar ou dificultar a vida!
Gostei desta: "o nosso namoro era superior ao amor, era de simpatia e carne.".
Cumps
http://www.youtube.com/watch?v=SjJqU38Uzd0
A sua escrita é sempre de excelência. É um prazer lê-lo Majestade.Vénia.
Que g'anda folhetim!
Isto merecia ser publicado em literatura... de cordel. Ou da corda...
Agora a sério: só tenho um adjectivo: gosto!
Um abraço
Majestade, passei por cá por terras do Reino e reli o seu texto.
Sem dúvida nenhuma, escreve sempre tão bem que é realmente um gosto lê-lo.
Agora, pensando bem, cá entre nós, essa vida de artista Cipriano é mesmo de malandragem.
Uma cunhada é...é ... sei lá como uma prima, enfim, afim, quase parente...
Então ele também cantou para ela a ponto de se reproduzir ?!...
Cristo!
O mundo já estava perdido, como dizia a minha avó e só agora notámos.
:)
Um beijinho amigo.
Maria
Começo a desconfiar que este Cipriano foi uma má influência na tua vida... terias sido menino de coro, estou certo...
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