terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

10 - Tá-se bem sem título

A Teresa cantava isto tão bem que justifica a inadequação de vídeo a este reino.

O bom Cipriano encontrou uma solução para Teresa não se afastar. Ela começaria a fazer parte da banda fazendo uns coros e cantando três ou quatro canções. Durante o dia, ficaria a tomar conta da piscina e do bar da piscina. Já tinha falado com a sua filha e ela não se importaria de partilhar o quarto com a nova empregada do papá.
Em troca pedia-me a guarda dum segredo e a possibilidade de ir com ele e com a cunhada a Aveiro.
- Porra! Mas tu não te controlas!? A gaja está noiva e é irmã da tua mulher!
- Eh pá mas o que é que queres?! Eu …
- Então mas o noivo, não?!…
- Ela queria ir virgem para o casamento….
- Chama-me burro!!!!!
- Eh pá! Eu andava a tentar ensinar-lhe como é que se podia simular a virgindade e olha, calhou!...
- Então mas agora, a semanas do casamento, como é que vais descalçar a bota?
- É por isso que estou a pedir a tua ajuda!

Os familiares de Teresa, fizeram-se amigos da casa e partiram sem colocar obstáculos ao seu novo emprego. Por outro lado, Teresa, da raça que era, rapidamente se fez à casa, se fez amiga dos seus frequentadores e se fez regularmente enamorada.
No grupo, começámos a ensaiar meia dúzia de temas para a nova voz feminina. O ar de Teresa, o seu estilo entre o marginal e o sensual, a sua presença em palco, reanimaram o sucesso da banda e a vida interna do grupo. Os ensaios, as viagens, as desbundas e o convívio transformaram-se. A relação que os dois mantínhamos, não modificou a relação que existia entre a malta porque não éramos do género de nos fecharmos entre carícias nem de vender paixão. Aliás, assumíamos, dia após dia, que o nosso namoro era superior ao amor, era de simpatia e carne, era de juventude e necessidade. Gostávamos um do outro e gostávamos de curtir.

Naquele Agosto tivemos vinte e três actuações. Quase não parámos em casa, Foi sempre a abrir.

A Cipriano convinha este ritmo por todas as razões e mais uma: para esquecer.
- Diz que não, que quer ter o filho!
- Eh lá patrão. Isso vai ser um molho de brocas! E eu que gostava tanto de ir conhecer Aveiro!...
- Deixa-te de brincadeiras! Já tenho uma solução: ela não se importa de ir para França para casa da irmã mais velha, desde que eu a vá levar! Aproveito e trago umas aparelhagens.

8 comentários:

Zé Povinho disse...

um Cipriano cheio de recursos e malandrice. A Teresa ao menos tinha boa voz?
Abraço do Zé

salvoconduto disse...

Tu precata-te ou ainda te me metes num molho de brocas igual ao do Cipriano!

Milu disse...

Esta história, toda ela, poderia ser verdade, até porque temos um certo jeitinho para atrapalhar ou dificultar a vida!

José Lopes disse...

Gostei desta: "o nosso namoro era superior ao amor, era de simpatia e carne.".
Cumps

MARIA disse...

http://www.youtube.com/watch?v=SjJqU38Uzd0

A sua escrita é sempre de excelência. É um prazer lê-lo Majestade.Vénia.

do zambujal disse...

Que g'anda folhetim!
Isto merecia ser publicado em literatura... de cordel. Ou da corda...
Agora a sério: só tenho um adjectivo: gosto!

Um abraço

MARIA disse...

Majestade, passei por cá por terras do Reino e reli o seu texto.
Sem dúvida nenhuma, escreve sempre tão bem que é realmente um gosto lê-lo.
Agora, pensando bem, cá entre nós, essa vida de artista Cipriano é mesmo de malandragem.
Uma cunhada é...é ... sei lá como uma prima, enfim, afim, quase parente...
Então ele também cantou para ela a ponto de se reproduzir ?!...
Cristo!
O mundo já estava perdido, como dizia a minha avó e só agora notámos.
:)

Um beijinho amigo.

Maria

antonio ganhão disse...

Começo a desconfiar que este Cipriano foi uma má influência na tua vida... terias sido menino de coro, estou certo...