terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

9- Ainda é cedo para existir título


 
Cipriano era louco por mulheres. A presença de mulheres modificava-lhe os gestos, o tom de voz e o sorriso: um maroto humilde, conquistador e servil.
A mulher que veio servir os músicos da festa, exclamou:
- Ai que me esqueci dos guardanapos!
- Não são precisos, não se preocupe!
Enquanto a mulher se retirava para ir buscar os guardanapos, descarregámos sobre o “manager”:
- Também não exageres!
- Já vos disse, se queremos ter contratos com fartura não devemos ser muito exigentes com os que nos contratam e não podemos tocar só rock mas também valsas, tangos e raposódias!

A mulher voltou. Uma dúzia de olhos em pirâmide dirigiram-se para ela. Os de Cipriano eram o vértice e enleavam-se no corpo alto e esbelto, ora à frente, ora atrás das palavras que se trocavam, enquanto os pratos se compunham com a ajuda dos serviços e da simpatia que não tinha só o corpo alto e esbelto.

- Ó pai! O contrato é até que horas?!
- Ó pai! Amanhã vamos tocar aonde?!
- Ó pai!....

A técnica de chamar pai a Cipriano para lhe afastar as presas, fazendo com que os estranhos pensassem que se tratava de um conjunto Pai e Filhos, quando o único que era filho, era o Nini, já tinha sido utilizada mas o abuso que fizemos dela levaram a paciência da vítima à explosão: à mesa a reprovação foi contida mas durante a viagem de regresso a casa, ouvimos das boas e diga-se com razão.
Abuso de confiança, pensarão. Não era só, era também uma vingançazinha pelas regras que o chefe sugeria:

- Diz-me a experiência que uma banda está estragada no dia em que um dos seus músicos começar a namorar. Podem namoriscar, mas mais de um dia com a mesma não é de artista! Se um músico se apaixona só sai música à Roberto Carlos!
Cumpríamos à risca esta regra de trabalho. O aparecimento de Teresa e a falta que me fazia ter uma namorada tinha de fazer excepção:
- É um caso diferente, sim! Ela também é artista! Tem um ar marado! Dá uns toques!.... Vamos tentar pô-la a cantar!
- Sabia que me ias compreender ó grande Chefe! Deixa-me dar-te um beijo!
- Xó! Asta para lá!... Então e já falaste com o teu pai para ela dormir lá em casa?!
De facto estava a esquecer-me que Teresa era nómada e que daí a dois ou três dias partiria com a família "cantar" para outra terra.

5 comentários:

José Lopes disse...

Essa de chanar PAI ao chefe é de mestre, mas já agora até ele merece "limpar a vista" como qualquer homem.
Cumps

Marreta disse...

Ui! Está o 31 montado! É o que eu digo, isto vai prejudicar a tua eleição (e por consequência a minha...)! Vai por mim, que percebo disto.
Entrementes, vê lá se metes aquela bucha da actuação na capela de Santo António, e na quermesse da igreja (dá votos!).

Saudações do Marreta.

Marreta disse...

Ah, já me esquecia, comecei a transferir a guita em tranches para as ilhas Caimão. Mais um bocadinho e damos o salto. Chiuuu...

Alberto Cardoso disse...

Olá Majestade.
Ou muito me engano ou falta aqui, pelo menos, um episódio nesta blogonovela. Se bem me lembro o último capítulo terminou quando Sua Majestade estava "com a mão na massa" e a cachopa com a mão na seiva do pinheiro. Derrepentemente passamos para a paixão do Cipriano por mulheres. Não bate certo. Isto assim não liga. Falta continuidade ao episódio anterior. Está uma pessoa em pulgas uma semana inteira à espera de saber se a resina na mão da menina interferiu no desenrolar normal dos acontecimentos e... nada. Bolas Majestade! Assim não vale. Quando a cena estava a aproximar-se do climax, puffff, esvazia-se o balão!
Que desilusão. Repito o que aqui disse anteriormente: fico a aguardar o próximo capítulo.
Os meus respeitos.
Alberto Cardoso

Milu disse...

Marado! Quase me havia esquecido desta palavra. Se há palavras ou expressões que marcaram uma época esta é uma delas!