A ti que escondes a poderosa beleza das crianças
E manténs o prazer de subir ao cume das montanhas:
Afinal não chega a ser o rio que nos separa
Nem a mesa da tua sala de jantar…
Talvez o mar, talvez a tua trança…
Ou o meu eu de desgraça,
Esta forma tão sem graça de aqui estar!
Sei lá! Que importa?!
Se a ferida não cessa de sangrar
E o meu cais tem sempre naus à porta para atracar!....
Algumas vêm do fim do oceano e partem enquanto sonho…
Outras vêm do sul e quando eu falo, vão!...
É certo, também há as do sol,
Trazem o ventre e o coração ao léu…
Ficam umas horas e vão com os pescadores
E eu fico olhando o rio… a barra… o céu…
Contigo foi diferente:
Eu parti de Sagres à aventura
E temo o fim das tardes de Lisboa, das noites de Verão…
Talvez o oceano, o sul, o sol nos desencontre…
Eu ficarei com a noite.
- E o Rio?!
1983
10 comentários:
Há sempre uma boa safra dentro do baú lá do fundo.
Abraço do Zé
... já em 1983 escrevias assim?
Começo a perceber...
Grande abraço
O baú não é propriamente uma barrica de carvalho velho...
Bem!!!
Adoraria vasculhar esse sótão!
Quem sou eu para te dizer o bem que escreves?
Olha, deixaste-me surpresa e sem palavras.
Ai! Se sêsse!
Viva o Rei!
Beijooo
que beleza!
Un sótão bem fornecido.
Cumps
Acho que vou mudar de profissao, limpador de sotãos existe? É que assim limpava o conteudo todo do Bau e nem exgia ordenado, aquele valeria por si!!!
O Rio continua lindo,Majestade.
Alberto Cardoso
Que engraçado entrar no baú das memórias.
Em 1983 eu estudava e usava muitas vezes uma larga e longa trança caindo apenas sobre um dos lados do cabelo, até à cintura, como as ciganas.
:)
Visitava regularmente o Tejo e segredava-lhe confidências de alma, mas nunca encontrei nem D Sebastião, nem outro Rei.
Mas algo me dizia que um dia Ele surgiria talvez numa manhã de Outono e nevoeiro...
Sabe Majestade : gosto da sua poesia.
Um beijinho amigo
Maria
Também ando com obras no sotão, tentando limpar a murraça acomulada ao longo do caminho.
Encontramo-nos no rio para um mergulho.
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