quinta-feira, 14 de abril de 2011

Belmiro de Azevedo entrevistado na RTP1

Porquê?

Quando abriu o primeiro hipermercado Continente em Lisboa, o Zé pegou no carro e na família e fez-se à estrada. A grandeza, as luzes, os reclames, o Portugal de progresso, o tudo para comprar, o barato fizeram que, durante uns dias, o Zé não falasse de outra coisa a amigos e vizinhos:
- Uma pessoa apetece-lhe comprar tudo! Aquilo até dá gosto comprar!

Quando abriu o Continente na capital de distrito do Zé, ele desabafou:
- Até que enfim que chegou aqui o desenvolvimento! Agora sim! Já tenho programa para todos os Domingos!

Quando o Belmiro de Azevedo veio à escola da filha falar de empreendimento, o Zé tirou a tarde e foi ouvi-lo embevecido e até, da palavra do público, lhe pôs uma questão que teve a resposta desejada!

Quando abriu o Modelo lá na Vila, então é que foi! Cem empregos! Um cartão de descontos! Senhas de descontos na Galp! Produtos de marca Continente muito mais baratos! E até uma caixa automática para tipos como ele, que percebem de novas tecnologias, registarem e pagarem as suas próprias compras sem terem de estar na fila a aguentar a inabilidade da rapariga paga a preços baixos.

Se não fosse aquele investimento o que seria daquela terra! Está tudo pelas horas da morte! A mulher do Zé, que trabalhava numa loja de ferragens, bem pode agradecer por acaba de conseguir um contrato de seis meses na limpeza do centro comercial. A exploração de produtos agrícolas, onde trabalha o Zé, bem pode dar graças a Deus por existir o Continente, a margem de lucro é ínfima mas sempre dá para se irem aguentando.

Disseram ao Zé que o Continente é como o eucalipto! O Zé diz que um carvalho demora 100 anos a criar! O Zé acha que isto tem de ser assim!

Mas não tem! Nacionalização imediata do Continente! Limitação da zona de exploração da Sonae às Berlengas!
Estamos na miséria enquanto os Azevedos sobem no pódio dos mais ricos do mundo! E, como se não bastasse, para comentar a crise, a televisão do estado deu uma entrevista no horário nobre apresentando-o como o maior empregador do país!

Enfim, informação democrática! Como se fosse possível este post sair reproduzido amanhã na coluna “blogues em papel” do jornal Público!

8 comentários:

O Puma disse...

O grande merceeiro

ainda não foi proposto
conselheiro de Cavaco
mas está na forja

Anónimo disse...

Entrevistou este, entrevistou banqueiros. Para quando entrevistas diarias em horário nobre ao merceeiro de bairro, à puta da esquina, ao desempregado de longa duração, ao velhinho reformado com reforma miserável?
Este é mais um que devia ser alvo de BOICOTE!

Saudações!

opolidor disse...

inté me vieram as lágrimas aos olhos... deve ter sido das cebolas....
não há ninguem neste mundo dono de grandes riquezas que não tenha andado no gamanço.

abraço

Ferroadas disse...

"o que faz falta é avisar a malta" música que estou a ouvir agora numa rádio local (não sei o nome).

Estava para ver se a malta tivesse um mês sem por os pedantes num desses espaços sejam do Azevedo, do Jerónimo (do Martins) ou quejandos.

(Já acabou a música)

Cá para mim vai acontecer o mesmo a estes que aos bancos, já estão a encerrar por todo o lado. Só falta os chinocas começarem a vender paparoca, aí, meu amigo os belmiros que se cuidem.

Abraço

antonio ganhão disse...

Tarde demais! Já não podemos viver sem o cartão de desconto... construimos uma pocilga para vivermos e agora não quremos comer ração para porcos.
(voltei lá no meu sítio)

Zorze disse...

Eu me confesso, também tenho um cartão de desconto.
O Continente financia-se através dos seus fornecedores a quem paga a 8 e 9 meses. É e para quem quer!
Paga também o menos que puder aos seus empregados, dos quais uma boa fatia do seu salário fica lá, através das suas compras.
Mas findas as contas, continuamos a ir lá...

Abraço.

Zé Povinho disse...

O criador de empregos (pai) e o sucessor (filho) falam do emprego que criaram mas nunca referem o tipo de emprego que dão e o desemprego que resulta por causa dos seus eucaliptos, perdão, hipers.
Abraço do Zé

Camolas disse...

Assim de repente, recordas-te-me "A caverna" do Saramago.