à memória de meu amigo Barros que foi e nunca se pronunciou
1
Oh! Como eu gostava de voltar à Realidade...
Tanto que eu gostava de voltar à Realidade...
- Mas como?! – Não tenho meio de transporte!
Tanto que eu gostava de visitar a campa de um tijolo,
meu amigo,
sepultado lá... na realidade!
Mas não posso, não tenho meio de transporte!
Era um bom tijolo. Chamava-se Barros,
era banco e mesa na minha pequena casa.
Um dia convidei Deus para jantar na minha pequena casa,
Barros não aguentou com a divindade e, desfez-se em pedaços
no coração da minha pequena casa.
Por isto, foi sepultado na Realidade...
2
-Não! Ninguém voltará!
Diz uma lei qualquer da “Constituição da Natureza”.
- Mas eu sou real, nasci lá!
- Real sou eu!
responde-me o rei, e eu pergunto:
- Quem mais ama a pátria que o Exilado?
e o Sol responde. O Sol responde a tudo.
É o maior amigo que tenho aqui onde estou,
no Mundo em que as estrelas do mundo real
são os candeeiros duma cidade.
4 comentários:
Um sentimento tão nosso, que só nós temos a palavra certa para o mencionar. Não será nunca Património da Humanidade, mas é unicamente Património Luso.
Cumps
AH! o Sol!...
Um abraço.
Pata
de vez em quando passas-te... e sai coisa mais profunda.
abraço
Quem ama mais a Pátria que o Exilado ?
A distância, a ausência do exilado marca-lhe a alma com uma saudade que nenhum Sol pode acalentar...
É belíssimo o seu texto, como sempre.
Um beijinho amigo
Maria
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