domingo, 11 de dezembro de 2011

Saudade

à memória de meu amigo Barros que foi e nunca se pronunciou

1
Oh! Como eu gostava de voltar à Realidade...
Tanto que eu gostava de voltar à Realidade...
- Mas como?! – Não tenho meio de transporte!
Tanto que eu gostava de visitar a campa de um tijolo,
meu amigo,
sepultado lá... na realidade!
Mas não posso, não tenho meio de transporte!

Era um bom tijolo. Chamava-se Barros,
era banco e mesa na minha pequena casa.
Um dia convidei Deus para jantar na minha pequena casa,
Barros não aguentou com a divindade e, desfez-se em pedaços
no coração da minha pequena casa.
Por isto, foi sepultado na Realidade...
2
-Não! Ninguém voltará!
Diz uma lei qualquer da “Constituição da Natureza”.
- Mas eu sou real, nasci lá!
- Real sou eu!
responde-me o rei, e eu pergunto:
- Quem mais ama a pátria que o Exilado?
e o Sol responde. O Sol responde a tudo.
É o maior amigo que tenho aqui onde estou,
no Mundo em que as estrelas do mundo real
são os candeeiros duma cidade.

4 comentários:

José Lopes disse...

Um sentimento tão nosso, que só nós temos a palavra certa para o mencionar. Não será nunca Património da Humanidade, mas é unicamente Património Luso.
Cumps

Fernando Samuel disse...

AH! o Sol!...

Um abraço.

maceta disse...

Pata

de vez em quando passas-te... e sai coisa mais profunda.

abraço

MARIA disse...

Quem ama mais a Pátria que o Exilado ?
A distância, a ausência do exilado marca-lhe a alma com uma saudade que nenhum Sol pode acalentar...
É belíssimo o seu texto, como sempre.


Um beijinho amigo

Maria