O som da flauta nascia do silêncio longínquo da escuridão dos pinheirais e crescia até aparecer junto de nós de corpo e alma. Interrompia as nossas conversas de adolescentes acerca de raparigas, de grupos de blues e rock n´roll, da existência e dos fins do universo, que preenchiam as nossas noites longas na esplanada iluminada junto à piscina ou no aconchego sombrio da mesa de pedra que estava sob a copa do carvalho grande.
O
velho Xote era assim, livre e espontâneo, na data e na hora a que lhe desse na
telha, partia da casa onde vivia sozinho e percorria pelos caminhos florestais sem
vivalma, os sete quilómetros que separavam a sua aldeia daquela onde o filho,
por casamento, vivia e onde tinha um autêntico centro recreativo e cultural,
palco aberto, bar aberto, casa aberta diferente de todas as outras porque
também o filho era diferente como o pai.
Sobre
a pequena estatura, sentava a altivez da idade. Sobre as botas pesadas,
levantava os passos pequenos mas com destino. Sob a boina queimada do sol,
mostrava o olhar melodioso e vivo. Sob o bigode grisalho largava as respostas
curtas e acossadas – não era um velho de contar histórias. Não se conhecia por
ali velho novo como aquele. Tão jovem que nenhum jovem o tratava por você, mas
por shot - ou short?! ... Ele era tão eclético! Era xote, merecidamente, porque
também dava um jeito de flauta e dança, a essa música, quando o copo a mais o fazia
exibir nos arraiais das redondezas e deixava de tocar canções tradicionais ou
aquela do Bob Dylan de que ele também gostava muito.
Talvez
a sua maior qualidade fosse a habilidade com que equilibrava as agruras da vida
e a crueldade duns tantos, com as belezas do mundo e a simpatia de uns poucos.
O
filho, a nora e os netos estimavam-no mas respeitavam a sua liberdade. Poderia
ficar ali uma noite, uma semana fazendo companhia à família e tocando flauta
para os clientes mas a qualquer momento do dia ou da noite se poderia ver partir sem dizer aqui vou eu.
Era ele próprio que fazia as suas flautas e vendia algumas para os copos.
Era ele próprio que fazia as suas flautas e vendia algumas para os copos.
Num
desses convívios de madrugadas espontâneas aconteceu-me tentar negociar com o
Xote uma flauta.
-
Quinhentos escudos!
-
E aonde é que eu tenho esse dinheiro?!
7 comentários:
E fizeste? Eu tentei e a fazer fé nessa que aqui colocas percebo agora por que não lhes arrancava som de jeito, embora houvesse quem afiançasse que o problema estava no meu ouvido, duro como pedra diziam eles, faltou-me um Xote, digo eu.
Abraço.
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Gente simples e livre = gente boa.
Cump
A malta bem sopra
mas os saCanas
ainda fazem buracos
ISTO É QUE É POESIA!! Com métrica, com rima e com tudo a que uma boa poesia tem direito.
*A CULPA*
A culpa é do pólen dos pinheiros
Dos juízes, padres e mineiros
Dos turistas que vagueiam nas ruas
Das 'strippers' que nunca se põem nuas
Da encefalopatia espongiforme bovina
Do Júlio de Matos, do João e da Catarina
A culpa é dos frangos que têm HN1
E dos pobres que já não têm nenhum
A culpa é das prostitutas que não pagam impostos
Que deviam ser pagos também pelos mortos
A culpa é dos reformados e desempregados
Cambada de malandros feios, excomungados,
A culpa é dos que têm uma vida sã
E da ociosa Eva que comeu a maçã.
A culpa é do Eusébio, que já não joga a bola,
E daqueles que não batem bem da tola.
A culpa é dos putos da casa Pia
Que mentem de noite e de dia.
A culpa é dos traidores que emigram
E dos patriotas que ficam e mendigam.
A culpa é do Partido Social Democrata
E de todos aqueles que usam gravata.
A culpa é do BE, do CDS, do PS e do PCP
E dos que não querem o TGV
A culpa até pode ser do urso que hiberna
*Mas não será nunca de quem governa.*
Crisântemo Ciclomotor (Primo da Rosa Mota)
Lula discursava para dezenas de milhares de pessoas no Anhangabaú em São Paulo , quando, de repente, aparece Jesus Cristo baixando lentamente do céu.
Quando chega ao lado de Lula, lhe diz algo ao ouvido.
Então, Lula dirigindo-se à multidão diz:
-Atenção companheiros!!!
O companheiro Jesus Cristo aqui presente,querdizer algumas palavras para vocês.
Jesus pega no microfone e diz:
- Povo brasileiro, este homem que tem barba como eu,não lhes deu pão, da mesma forma que eu fiz?
O povo responde:- Siiiiiiiiiiiiiiiim!
- Não é verdade que, assim como eu multipliquei os pães e peixes para dar de comer a todos, este homem inventou o Fome Zero para que todos se pudessem alimentar?
Siiiiiiiiiiiiiiiiii! Respondeu o povão.
- Não é verdade que ele assegurou tratamento médico e remédios para os pobres, assim como eu curei os enfermos?
O povogrita:Siiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
- Não foi traído por companheiros de partido, assim como eu fui traído por Judas?
O povo gritou ainda mais forte:Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim!
Então que raio vocês estão à espera para o crucificar?!
Mais uma bela (e comovida ou comovente) estória de vidas simples e únicas. Como as de todos porque à simplicidade de nascer, viver, morrer, todos se resumem por mais "fulestrias" que alguns façam quando e enquanto por cá andam.
Vai uma flautada!
... e um abraço
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