terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Desliguem os televisores



Nunca na vida escrevi sobre o natal.
Não me lembro sequer de trazer para casa uma redacção sobre o natal.
E continuo a não conseguir escrever sobre o natal.
Para mim o natal não tem de bem mais que a páscoa ou o carnaval
Mas também não tem mais de mal.
Para mim essas coisas são simplesmente o natal, a páscoa e o carnaval.
Não escrevo sobre elas porque também não escrevo sobre muitas outras coisas.
As únicas coisas sobre as quais gosto de escrever
e sobre as quais vale a pena escrever
é sobre o a primavera, o verão, o outono e o inverno.
Dependo muito mais desse tempo do que dos tempos do calendário católico
Até porque não sei quando vou morrer e se vou ter enterro católico.
Mas sei que vou morrer numa estação.
Também nunca escrevi sobre comboios.
Deixei também de escrever sobre o papel,
Comprei um PC este natal.
Dirão: afinal estás a escrever sobre o natal!
Não, estou a escrever sobre a TV:
Aguardo ansiosamente o tempo da mensagem de natal do primeiro ministro.
As pessoas não devem mudar de canal. As pessoas devem simplesmente desligar o televisor.
Mas alguém, minimamente lúcido, vai ouvir o blá blá  habitual?!
Mega Watts de energia serão poupados a bem do ambiente ecológico e familiar.
É este o meu desejo de natal: que toda a gente desligue os televisores quando se anunciar o senhor primeiro ministro!
Se se cumprir o meu desejo e as audiometrias registarem o fenómeno ver-me-ei  obrigado a escrever sobre a primavera. Isto, se entretanto, os comboios não me pregarem alguma partida!

(mesmo que eu tivesse escrito sobre o natal, este texto continuaria a ser banal mas o importante é que além de rimas em al deixei um desejo de natal)

9 comentários:

do Zambujal disse...

Ora aqui está um texto dialéctico e escatológico, perdão, ecológico...
Assim é que é: também gostava de ser capaz de escrever sobre o Natal para dizer que não escrevo sobre o Natal. Consegui-o? Olha... boas festas, que é coisa que não desejo a ninguém!
Nem - como tu - faço votos nesta estação, só voto na estação da Junta de Freguesia da Atouguia, que - parece - vai sobreviver até ao natal.
No entanto, vou ver se me lembro, ou se não me esqueço - o que não é o mesmo, mas tem igual efeito - se desligo o televisor na altura das mensagens de natal e de ano novo do Coelho (este não é o Passos da páscoa?) e do manjedor de bolo-rei.

Almoçaste bem?

Um abraço

Miguel Brito disse...

Ó Zambujal, tu vives na Atougia? É pá, tenho aí um amigo do peito, o Carlos. Se o vires dá-lhe um abraço por mim.

José Lopes disse...

Não verei nem ouvirei o discurso da raínha de Inglaterra, de certeza, a bem da saúde dos ouvidos dos moradores cá da palhota.
Cumps

jrd disse...

O Coelho e comandita enviaram-me um postal, que publiquei seguido de comentário.

Abraço

Mar Arável disse...


O que mais me repugna

é quando me desejam boas festas

Quanto ao natal
vai de novo começar

Olinda disse...

Tambêm nunca escrevi sobre o Natal.Nisso somos congêneres.Nunca escrevi sobre o Natal,nem sobre qualquer outra celebracao.inventada ou real,pois nao tenho jeito para escrever nada que se leia.Mas eu gostava do Natal,antes do assalto ao dêcimo terceiro.Sou ateia convicta,mas as tradicoes religiosas fazem parte da nossa cultura.Isso nao quer dizer que tenha que gramar o sr. dos Passos,o rei Gaspar e o outro de Belêm.
Boas Festas,bem precisamos,para suportar o OE2013

A. Gomes disse...

Dona Mércia foi batizar a filhinha de um ano e frei Alberto começou o
interrogatório:
- Nome?
- Ambrosina.
- Nome da mãe?
- A Mércia que vos fala.
- Pai?
- ....
- Ou diz o nome do pai, ou não batizo.
- Seu frei, já que o senhor insiste, lá vai: Frei Cirilo.
- Ôxente, e Frei Cirilo largou a batina?
- Não. Segurou com os dentes.

samuel disse...

Então... venha de lá o apagão!!! :-)

Abraço.

salvoconduto disse...

Nã, vais-me desculpar mas não estou de acordo contigo, nem de perto nem de longe, deveria ser obrigatório para aqueles que nele votaram ouvir a mensagem na íntegra e se depois cortassem os pulsos o problema era deles, ter-se-ia feito alguma justiça. Tenho aqui uma tesoura de poda e ando com umas ganas de cortar alguns daqueles dois dedinhos ao alto que o aclamaram e levaram ao poder, a merda toda é que agora ninguém levanta os dedinhos, há quem me garanta que é apenas por causa do frio, o certo é que a puta da tesoura custou-me uma nota e agora nem para trinchar o peru, fosga-se.