domingo, 23 de dezembro de 2012

Soltem os prisioneiros

"Soltem os prisioneiros" é tema dos"Delfins" pelo qual não tenho especial consideração. Acontece que, de há uns tempos para cá, estas notas não me largam os tempos de barba e de banho, só que em vez de "Soltem os prisioneiros" a letra que encaixo na melodia é: "Desliguem os televisores!". 

Já o disse aqui, eu que me estou nas tintas para o natal e dele espero apenas o pretexto para uns tintos, que aguardo ansiosamente a mensagem de natal do senhor primeiro ministro, o fedelho Passos Coelho! E aguardo-a, não para o ouvir, mas para exercer o meu direito de não o ouvir desligando o televisor  como forma de protesto.

Desliguem os televisores à hora marcada!

Ah, se tem curiosidade em ouvi-lo, aqui fica de antemão o discurso esperado, incluindo algumas coisas que ele não vai dizer mas que irá pensando enquanto lê:

Portugueses e portuguesas, gostaria de vos estar a ler esta mensagem de natal em condições menos difíceis do que aquelas que estamos a atravessar mas a verdade, e isso põe-me contente, é que se as condições não se tivessem tornado tão difíceis, quem estaria aqui não seria eu mas o meu antecessor. 

Foi ele que nos pôs neste caminho e não há outro caminho se não aquele que escolhemos e, como era o único, escolhemos bem. Nestes tempos difíceis em que mergulhámos, o importante é falar verdade aos portugueses e a verdade é que este caminho nos vai conduzir a um ano de mais dificuldades, de mais sacrifícios, de mais pobreza. A maioria dos portugueses deu-nos um voto de confiança para seguirmos este caminho e, custe o que custar, é este caminho que vamos seguir.

Nesse sentido, a nossa maior satisfação é honrar os compromissos dos nossos antecessores e satisfazer os nossos credores. A eles lhes devemos o que somos, o que não temos e o nosso futuro!
Não se trata apenas de pagar a dívida e os juros, em tempo de natal há que dar gestos de reconhecimento perante aqueles de quem dependemos. Foi por isso que, hoje mesmo, decidi atribuir, como presente de natal, uma medida extraordinária para agradar aos mercados e aos nossos credores: para o ano os hipermercados estarão abertos no dia de natal e os funcionários públicos só irão receber metade do décimo segundo mês.

Portugueses e portuguesas, estes são tempos difíceis mas são também tempos de oportunidades, de aprender com as dificuldades: comer menos porque comer muito faz mal, não ir ao médico só porque se está doente,  trabalhar mais para não se ser despedido, aceitar tudo porque se está desempregado, emigrar para aliviar os números do desemprego, morrer para não sobrecarregar a segurança social, blá...blá...blá...

São também tempos de poupança, eu, por exemplo, ainda há dias ralhei à  Laura porque ela estava a comprar leitão com dinheiro dela - ó fofa  porque não debitas essa despesa no cartão de crédito de despesas de representação?!
São também tempos de solidariedade, eu por exemplo, já falei com a Laura para ela dar os restos da noite de natal à empregada mais magra cá da casa!...

... a este parágrafo o leitor já deve ter pensado - este Pata Negra já bebeu uns copos! Não, ele é que bebeu! A revelação antecipada deste discurso só foi possível porque eu tenho alguns conhecimentos! o discurso que o tipo entregou aos assessores foi este! Agora, se eles o vão corrigir e transformar e vai sair outro, isso já é outro assunto! De qualquer forma o blá, blá, blá deve terminar mais ao menos assim:

- Desejo a todos os portugueses e portuguesas um natal muito feliz e um ano novo cheio de prosperidades.

Esta última frase não é da autoria do primeiro ministro, plagiou-me!


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