Amanhã vou acordar com a voz da tratorinha do Tó Zé
Tram!Tam!Tam!Tam! Tram!Tam!Tam!Tam!Tam! Brum!!!...não tem o chiar das rodas dos carros de bois de antigamente
Tram!Tam!Tam!Tam! Tram!Tam!Tam!Tam!Tam! Brum!!!...não tem o chiar das rodas dos carros de bois de antigamente
mas tem mais melodia que o zunir dos carros transpondo o viaduto
Tram!Tam!Tam!Tam! Tram!Tam!Tam!Tam!Tam! Brum!!!...não lembra o “pouca-terra” dos comboios de outrora
Tram!Tam!Tam!Tam! Tram!Tam!Tam!Tam!Tam! Brum!!!...não lembra o “pouca-terra” dos comboios de outrora
mas tem a muita vida que o Tó Zé transporta:
mudar umas forquilhadas de estrume para o talho de baixoTram!Tam!Tam!Tam!Tam!Tam!Tam!Tam!Tam! Brum!!!...- É assim a vida do home pobre!...
trazer uma paveia de mato para o ganauTram!Tam!Tam!Tam!Tam!Tam! Tam!Tam!Tam!Brum!!!...- A vida está é para os empregados do estado!...
ir à vinha pôr líquido e queimar videsTram!Tam!Tam!Tam!Tam!Tam!Tam!Tam!Tam! Brum!!!...- Vamo lá?!... Ele tem que se beber senão tem de se entornar!...
uma macheia de pasto prás ovelhasTram!Tam!Tam!Tam!Tram!Tam!Tam!Tam!Tam! Brum!!!...- A minha vontade é matar o gado todo! ...
ir buscar farinha ao Zé do ValeTram!Tam!Tam!Tam! Tram!Tam!Tam!Tam!Tam! Brum!!!...- Amanhã vai-me nascer um bonito borrego! … Vamo lá!...
(e eu contente de viver no campo e de ouvir o dia inteiro a tratorinha / não ouço no sacho as cantadeiras nem provo a bucha sob o carvalho velho mas ouço "Brrum!Tam!Tam!", o Tó Zé pensando e, “vamo lá”!
Tram!Tam!Tam!Tam!Tram!Tam!Tam!Tam!Tam! Brum!!!...
ai ai ai o campo e este canto do céu que tenho na Terra, aqui /
gostava de não ser empregado, não ter carro e ter uma tratorinha)
Tram!Tam!Tam!Tam! Tram!Tam!Tam!Tam!Tam! Brum!!!...- A minha vontade é matar o gado todo, plantar eucaliptos e deitar-me à sombra! … Tem boa cor não tem?!... Não levou nada! …. Ele tem de se beber senão entorno-o!... É o segundo hoje!... É quase noite!... Um caldo e não tardo lá que amanhã tenho que galgar às seis da matina!
a voz da tratorinha sabe bem
Tram!Tam!Tam!Tam!Tram!Tam!Tam!Tam!Tam! Brum!!!...
e vinho também:
- vamo lá?!
- vou sempre!
e às vezes a tratorinha fica a trabalhar, como que solidária, para ninguém ouvir a nossa conversa!
- vou matar um porco! ficas com metade??
(sou um triste, o Tó Zé na terra e eu ao computador!...)
3 comentários:
Um abraço para o Tó Zé e outro para o seu vizinho e amigo.
A terra a quem a trabalha!
Bonito de se ler.
Abraço
Nada há como a vida no campo!
Um abraço rural.
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