Já chega. Ao longo dos últimos meses o Rei dos Leittões assumiu-se como o único blogue não crente que assinalou religiosamente o Centenário das "Visões" de Fátima.
Passado o 13 de maio atingiu-se o climax. Acabou-se o Centenário e ainda o ano não vai a meio. Inaugurou-se um terço gigante e lá ficou, vieram os peregrinos mas foram-se, publicaram-se coisas e mais coisas e já estão nas estantes ou na reciclagem das papeleiras, veio o Papa mas foi-se. Se quisessem que a coisa se aguentasse mais tivessem convidado o Papa para vir a 13 de outubro, que é a data do milagre em que o Sol incandesceu ou insandeceu - não se sabe bem - e passaríamos a época balnear e a campanha eleitoral com as câmaras da tv e os olhos na Cova, nos videntes, nas virgens, nos clérigos, nos peregrinos, na grande operação.
Mas assim não! Descansemos! Ao Centenário restará pouco mais que a inauguração dumas alminhas na aldeia da Ramila na Serra de Aire, uns almoços de crentes abastados no Tia Alice, em Fátima Velha, uma entrevista ao Bispo de Leiria e umas declarações do Presidente da Câmara de Ourém a reclamar sucessos pessoais e a mostrar-se satisfeito consigo próprio.
Também muitos peregrinos ficarão satisfeitos pelos seus feitos de rezarem Avé-Marias de joelhos e falarão da mensagem de Fátima que ninguém sabe ao certo muito bem o que é; os padres falarão repetidamente da mensagem que o Papa deixou, por sinal muito igual à de todos os padres; os críticos ateus ficarão mais calmos depois de terem atirado achas para as suas explicações do fenómeno sem se aperceberem que não há nada para explicar; a TV voltará ao tema quando não houver Benfica e os operacionais dos ramos da crença e do comércio terão de esperar por outras efemérides para terem novas consolações.
Mas pronto, repetir a palavra Paz já é bom nem que nos intervalos se não disfarce o entusiasmo por umas bombas maternais que o tio Trump venha a largar sobre povos pouco cristãos, da Líbia à Síria, da Venezuela a Cuba ou dum paiol do Pacífico à Coreia do Norte.
Da minha parte, tenho a parte cumprida no que toca ao assunto. Fico apenas com a sensação de que, tal como muitos portugueses, depois de tanta história contada, nunca saber o seguinte: sabendo que uma era Lúcia e não Lúcio, confundo-me sempre e não sei dizer se os outros dois eram Francisca e Jacinto ou Jacinta e Francisco.
Entretanto... mudando de assunto:
O Papa fez o seu número mas eu não sou católico
O Salvador ganhou o festival mas eu não vou em cantigas
O Benfica ganhou mas eu não sou benfiquista
O PS subiu nas sondagens e eu não sou socialista
Mas o que me preocupa mesmo é o cabrão do autoclismo que continua a pingar
E o filho da puta do nível de óleo do carro que continua a baixar
Já para não falar do nível de colesterol que continua alto
E eu gosto tanto de leitão
E gosto de dormir para sonhar
Mas se me continuar a faltar o sono e o carcanhol
Eu vou mas é falar com este gajo:
Entretanto... mudando de assunto:
O Papa fez o seu número mas eu não sou católico
O Salvador ganhou o festival mas eu não vou em cantigas
O Benfica ganhou mas eu não sou benfiquista
O PS subiu nas sondagens e eu não sou socialista
O défice deixou de ser excessivo e a prestação da casa continua alta
O desemprego baixou e o meu filho continua em casaMas o que me preocupa mesmo é o cabrão do autoclismo que continua a pingar
E o filho da puta do nível de óleo do carro que continua a baixar
Já para não falar do nível de colesterol que continua alto
E eu gosto tanto de leitão
E gosto de dormir para sonhar
Mas se me continuar a faltar o sono e o carcanhol
Eu vou mas é falar com este gajo:
7 comentários:
Vossa Majestade precisa de um pouco de descanso, já que tão atarefado andou e tão incomodado foi no seu sossego.
Uns dias à sombra de um chaparro, que de azinheiras deve estar farto.
Quando voltar dê V. Majestade um arzinho de sua graça.
Uma humilde serva do reino.
Os teus textos merecem uma antologia. Que ela seja feita pela vontade dos leitores!
Fechaste com chave de ouro mas - é uma intimação - não dês a volta à chave e não nos deixes orfãos do teu acompanhamento da viva realidade ou da realidade viva.
Forte abraço
Não fora a tua ausência benfiquista estarias no limiar da perfeição- o que seria péssimo para o gosto de te ler
Abraço sempre
Porque o tema foi tão explorado nestes dias só a qualidade da escrita me faz sorrir nesta altura.
Abraço do Zé
Que nunca te doam as mãos
e a lucidez
Abraço amigo
mas esse gajo não cantava tangos?
ou seriam tangas?
Texto de grande lucidez e excelência. É sempre um prazer reler a sua escrita. Abraço.
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