Imaginem que a nossa televisão fizesse igual cobertura daquilo que se passa em Lisboa e no resto do país, tivesse por hábito ter equipas na província a recolher notícias, a fazer entrevistas, a gravar documentários, a registar acontecimentos.
Imaginem que a nossa televisão tomava, também como sua, a luta contra a desertificação do interior e estava no terreno denunciando o fecho de serviços, a falta de comunicações, o desordenamento territorial e divulgando as iniciativas locais, os sucessos e insucessos das suas gentes, as suas dificuldades, a sua qualidade de vida.
Imaginem que os jornalistas conheciam e sentiam empatia pelas aldeias e vilas que não fazem parte de roteiros turísticos, cujo quotidiano está bastante longe daquilo que cantam as novelas.
Certamente que, com uma televisão assim, o interior não estaria tão abandonado e, porventura, a tragédia dos incêndios não teria tido um impacto tão grande. Por isso, atirem dos vossos estúdios as culpas para tudo e para todos mas não se esqueçam de refletir sobre a vossa quota parte.
Sabe-se que o espetáculo mediático do fogo é um estímulo para os pirómanos mas as goelas das vossas objetivas não resistem. Desta vez nem isso vos chega, já enjoam os relatos de perigos e infernos, as imagens das terras queimadas, o jornalismo mórbido de que vos alimentais, também estes alinhamentos estão a dar um contributo determinante para a desertificação do interior ao amedrontarem e a assustarem, não só os que querem viver no campo, como aqueles que querem viver com ele, conhecê-lo ou visitá-lo.
Convidei um amigo de Lisboa para vir passar um fim de semana a minha casa:
- É pá! Tenho medo dos incêndios!
- Ó pá! Não te assustes! Por aqui ardeu muito pouco!
- Pois por isso mesmo! Não podemos adiar isso para quando o problema da desertificação estiver resolvido?
Caiu a chamada.
3 comentários:
Caro "Rei dos Leitões"
Tomei a liberdade de adicionar o teu blog ao meu.
Se pretenderes fazer o mesmo aqui deixo o meu link ...
https://caminhos-percorridos2017.blogspot.pt
Abraço
kique
como bom alfacinha o teu amigo espera que chova para te aparecer de carrinho lavado. que outra utilidade a chuva não tem.
mai´nada!
abraço
Pois é, ninguém o diria melhor.
Abraço.
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