quinta-feira, 26 de outubro de 2017

O adultério tem os anos contados



Trabalhei que nem um louco. Entrei no T2 exausto. Ouço sons ofegantes, suspiros, grunhidos que vêm do meu quarto.
Pensei:
Entro de rompante e armo um chinfrim? - Não, isso seria um ato pouco civilizado.
Bato à porta? -Era o que faltava!
Espreito pelo buraco da fechadura? - E se a cena me desagradar? E se a cena me agradar?
Um cigarro, isso mesmo um cigarro, o cigarro é uma vantagem que, em certas ocasiões, os fumadores têm. Dirigi-me à marquise e à janela, inspirei um cigarro bem pensado.
Ouço a porta de entrada do T2 bater. Alguns instantes depois ela disfarça a surpresa da minha presença e carrega a máquina com roupa da cama.
- Então querido, não ouviste a porta a bater quando entrei?
- Ouvi, ouvi mas não liguei! Até pensei que pudesse ser um assaltante!
- Lá estás tu com o teu humor de homem! Fazes um bifinho para o jantar?
- De boi ou de vaca?
- Credo! Lembras-me o teu pai a falar! Sempre com esse humor machista!
Arranjei um bife de porco, jantámos e fui para o computador!

Religiões vizinhas condenar-me-ão por ser  infiel e comer porco, religiões próximas dirão que sou manso por não ser touro, religiões ateístas contemporâneas chamar-me-ão porco por escrever este texto.
Conforto-me: Deus deve de gostar muito  dos ateus porque não lhe estão sempre a pedir coisas como os crentes.

Publiquei um anúncio num site de classificados: "Procuro parceiro(a) para cometer adultério".
Por segurança não deixei nenhum contacto. Não sei se foi por isso que ainda não recebi nenhuma resposta ou se é pelo facto do meu desejo não se encaixar em nenhuma cultura.

Tenho um trabalho que enlouquece. Só espero que um dia não me condenem por ter enlouquecido.


4 comentários:

Manuel Veiga disse...

descontrai, pá|

"uma testa sem cornos é como um jardim sem flores",
é o que ouvi na novela da noite.

abraço, Majestade
as minhas condolências.

Zambujal disse...

'inda não estás preso? Um juiz te espero... lá no Porto!

Zambujal disse...

Claro (?) que não eu que te espero. É um juiz que te espera, neto de não se sabe quem... porque estas coisas nunca fiando!

Maria disse...

É ver para crer, Majestade!
;-)
Abraço