A Terra Plana resultara duma associação de outras empresas da Zona Centro e era a sociedade que dava cartas aos territórios vizinhos. Pela sua ação, povoações que outrora se debatiam com as agruras do relevo, locomoviam-se agora confortavelmente por todo o lado, excepto, claro está, pelos vales e montes que iam deixando de existir.
A Mexe Terra era uma pequena empresa da Zona Sul e não dormiu enquanto não conseguiu um tratado de união com o seu sucesso de referência, a Terra Plana. Para lá dos donos, os mais civilizados, também os seus trabalhadores deitaram foguetes e deram vivas a máquinas novas que chegariam, a novas condições que os igualariam aos centrais e, sobretudo, à visão futura da imensa planície em que iriam transformar a sua terra.
A Terra Plana dotou-a, de facto, de máquinas melhores mas eram as usadas que já não lhe serviam, forneceu-lhe financiamentos para algumas movimentações de terras de interesse central mas aumentos de rendimentos? "nem pensar! porque é precisamente nos baixos salários que vós sois bons e, atenção, o mármore é para nós e o mar é nosso!".
Chegados ao presente, os trabalhadores da Mexe Terra vão reconhecendo o engodo e questionam os patrões mas estes, que apesar de tudo melhoraram os seus meios de locomoção e gozam de prazer quando se sentam à mesa com os maiores do Centro, respondem-lhes com a impossibilidade de sobreviverem fora da Terra Plana, com a necessidade da construção do caminho único como forma de tornar lisa e suave a face das terras do Sul.
Será já no futuro que os filhos dos operadores das máquinas e todos os sulistas, apercebendo-se da infertilidade da terra movida e que a vida não tem jeito nenhum sem montes e vales, tomarão o poder apropriando-se das máquinas para abrir vales e erguer montanhas.
2 comentários:
vou na 2ª linha (:-))...
Meu caro
estás a esbanjar palavras
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