sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Quando a malta perder a paciência


As pessoas comerão três vezes ao dia
E passearão de mãos dadas ao entardecer
A vida será livre e não a concorrência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Quando os trabalhadores perderem a paciência

A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juizes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências

Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obsolescência
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá:
“declaro vaga a presidência”!



Mauro Iasi

5 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Que chegue depressa
a filósofa-faxineira
declarar
estar vaga a presidência

Entretanto, abaixo a paciência

zambujal disse...

gostei, diria um facebooqueiro.
gostei muito, digo eu.
eu lembro um desabafo oportuno de Jerónimo de Sousa numa entrevista na TV: a paciência é revolucionária!
abraço

Manuel Veiga disse...

a "cozinheira/faxineira" que tenha paciência
ainda terá muito banquetes (de Estadão?) para preparar

gostei deste pitéu literário!

saúde, Majestade!
abraço

O Puma disse...

a coisa está pronta a servir

Mar Arável disse...

Não matem os pássaros
Abraço