As pessoas comerão três vezes ao dia
E passearão de mãos dadas ao entardecer
A vida será livre e não a concorrência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Quando os trabalhadores perderem a paciência
A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juizes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências
Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obsolescência
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá:
“declaro vaga a presidência”!
Mauro Iasi
5 comentários:
Que chegue depressa
a filósofa-faxineira
declarar
estar vaga a presidência
Entretanto, abaixo a paciência
gostei, diria um facebooqueiro.
gostei muito, digo eu.
eu lembro um desabafo oportuno de Jerónimo de Sousa numa entrevista na TV: a paciência é revolucionária!
abraço
a "cozinheira/faxineira" que tenha paciência
ainda terá muito banquetes (de Estadão?) para preparar
gostei deste pitéu literário!
saúde, Majestade!
abraço
a coisa está pronta a servir
Não matem os pássaros
Abraço
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