Já lá vão seis meses que partiste
Sinto mais a tua falta do que no primeiro dia
Sinto mais a tua ausência que a de mim próprio
Nunca foste vício
Foste sempre companhia
Nunca tiveste preço
Foste sempre prazer
Condimento de copos vazios
Pausa das ideias para pousar na mesa
Contributo para a nuvem de salas cheias
Lubrificante da conversa
Paredes meias com o meu lado mortal
Foste o veneno da minha cultura
Companheiro de tantos pensamentos
Fôlego de versos paridos
Escudo de medos
Máscara de desejos
Poluidor de beijos
Vidro entre lábios
Intruso entre segredos
Tu entre os meus dedos
Mal maior
Mal menor
Índio Índio
Falarão da civilização que te respirava
Prenda aos ventos que te levaram
Nunca me foste moda nem efeito de cartaz
Nunca te comprei
Deste-me a expressão
Símbolo da paz
Para sempre não
Mas se um dia me chegarem a condenar por ter confraternizado com poetas
E por réstia de humanidade me oferecerem um último desejo
Não me engasgarei na resposta:
- Quero um cigarro!
1 comentário:
dizem que mata... quantas vezes foi o único amigo fiel e presente.
abraço
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