Mas depois, veio o 25 de abril, a malta começou só a pensar em carros e estradas, em poder local e em desenvolvimento, e o sinal de trânsito tornou-se até um indicador de democracia.
- Ó Presidente, ali à minha porta devia haver um sinal de 40!
- Então ali ao STOP não há nenhuma placa a indicar Carvalhos?
- Aquela rua devia ter Sentido Proibido!
- Aquela rua devia ter o nome do Doutor Tal e Coisa!
E a malta candidata começou a perceber que a sinalética e a toponímica tinham uma importância enorme no bem estar e na satisfação das populações. E vai daí, as placas de cimento, deram lugar às de chaparia, bem mais fáceis de fabricar e colocar e, tal como os humanos encheram a terra, os sinais encheram a paisagem como transeuntes numa rua de Bombaim.
- Chegaram hoje 50 sinais de perigo de peões e 10 de caça grossa! Amanhã pegam na carrinha e espalhem-nos por aí!
- Ó senhor presidente mas isto é assim!?
- O meu futuro genro trabalha nas autoestradas e também faz assim! Mas agora também é preciso algum projeto para pôr um sinal?
Desafio aqueles que esperam dentro dum carro por um pendura atrasado, numa praça, cruzamento ou arruamento, a fazerem o exercício de entretenimento de contar os sinais de trânsito presentes no seu campo visual. Vão ficar surpreendidos! É de mais!
Tornou-se num problema de poluição da paisagem, de não acrescentar nada, de ninguém ligar, reparar ou simplesmente ler!
Aqui mesmo, onde vivo, à entrada duma cidade de província, a política local, como em todo o lado, gosta de brilhar em brilhantes obras e prefere obrar vistosamente três quilómetros de estrada do que arranjar minimamente, a preços mais em conta, uma ligação mais longa que nos últimos destinos geográficos vai para Roma. A obra foi inaugurada agora, a comitiva percorreu-a, orgulhosa, nos seus cilindrados carros, 86 sinais de trânsito, só num sentido! Foi meu o trabalho de os contar! Há mais sinais que mães!
A contraproducência dos sinais em excesso, as coimas que se rebocam em alguns, o ridículo, muito mais ridículo do que eu escrever sobre o assunto, já chegou à consciencialização de alguns políticos: na europeia Bélgica, alguém propôs a retirada de 60% da sinalização rodoviária! O argumento é que distrai os condutores!
Enquanto candidato a presidente de junta eu fui mais longe:
- Sinais? Só de STOP! E arrancar todo o alcatrão das estradas onde caminham crianças, cabras e reformados!
- Não! Não me queixo de não ser eleito!
3 comentários:
Quando eu parar de rir e conseguir ver alguma coisa virei comentar...Pronto! Já me acalmei.
Vou só respirar ali ao terraço o ar frio da noite a ver se consigo respirar melhor.
Não posso é voltar atrás e reler. Sobretudo, às placas de cimento iniciais com o STOP, que davam para tudo até para dar beijos por detrás da dita. Eheheheheh
Outra coisa que não posso nem devo ir ver é a chegada dos 50 sinais de perigo de peões e 10 de caça grossa! Bolas! Os peões nessa sua santa terrinha correm mais perigo do que a caça grossa.
E mais não digo; se não o quanto admiro esta facilidade de fazer humor de uma forma única, e tão sui géneris. Ainda que uma coisa seja o mesmo da outra, soa-me bem...
Boa noite, caro Pata Negra. :)))
Um grande SYOP para gozar o fim de semana!
Lol.
Interessante perspectiva e percepção do passado
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