sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Só fumo por razões políticas

O histórico das leis tabaco pode, à primeira vista, parecer apenas uma sucessão de leis que apenas dizem respeito aos fumadores, apenas mais um entretém dos donos da democracia para distrair o povo do essencial. Mas não! Estas abordagens repetidas a questões aparentemente secundárias são, muitas vezes, demonstrativas da natureza hipócrita dos seus autores, do desrespeito que têm pelos cidadãos e da crueldade que rudemente surge quando se descobre um ceguinho em quem bater.

Um fumador pode ser considerado um doente, um desrespeitador ou um irresponsável. E os autores destas leis? São o quê?! Não lhes chegava, depois de tantas medidas “políticas”, colocar nos maços de tabaco imagens de cancros, de moribundos e caixões? São gente com ideias doentes e as suas razões carecem de tal modo de fundamento que chegam a usar o argumento mais estúpido que se pode arranjar: "nos Estados Unidos já é assim!".

Numa sociedade saudável, como a que ideologicamente querem decretar, surgirá entretanto um imposto sobre o sal e sobre o açúcar e, nos rótulos das embalagens destes, ver-se-ão também caixões. E já agora, também nos rótulos das garrafas de vinho, da cerveja e do toucinho! E porque não, colocarem caixões ao longo das bermas das estradas para o pessoal moderar a velocidade?!

Se o objetivo é fazer com que nos sintamos culpados, andemos tristes e com o pensamento na hora da nossa morte, vós, ó homens com tanto poder que até o tendes para decidir as imagens dos rótulos das embalagens, já o conseguistes: basta-nos ter de levar diariamente com imagens de vossas excelências e ser alvo das vossas decisões.

É preciso viver continuamente com o medo da morte certa. Qualquer coisa que entre pela goela abaixo é sempre uma das principais causas duma doença, doença essa que figura entre as principais causas de morte. São as notícias nossas de cada dia. Mas em verdade, em verdade vos digo, virá um dia uma epidemia de cujo vírus só se salvarão os fumadores!


Já chateia esta obsessão com o tabaco, gaita! Faz mal, provoca doenças, provoca cancro? Cabe a cada um decidir dentro da sua liberdade! Não se pode fumar em determinados locais? Certo! Mas não venham com a proibição de fumar onde o ar é livre enquanto não taparem todos os escapes e chaminés da atmosfera pública!

O tratamento de pacientes com doenças que comprovadamente advêm do hábito ou vício de fumar é pago por todos? Então e onde aplicam as faustosas receitas dos impostos sobre esta droga? Então e se um tipo morre mais cedo, já viram o que se poupa em reformas e pensões?  Então e aqueles que sofrem porque abusaram do sal, do açúcar ou porque não respeitaram um sinal de trânsito?

 Mas pronto! Ai de quem conteste! Está visto que enquanto a pele não romper, a maceta não vai parar de bater no bombo do fumador! A seguir virá a proibição de puxar por um maço de cigarros em público porque as imagens da embalagem podem traumatizar as crianças!

E, sempre que estiver em cima da mesa tomar medidas para equilibrar as contas públicas, haverá sempre um político idiota que levantará o seu braço luminoso:

- Tive uma ideia! Aumentamos o imposto sobre o tabaco!

 E eu, que há tanto tempo deixei de fumar, lá terei de puxar por mais um cigarro como forma de protesto! 

(Se querem de facto que a malta deixe os cigarros ponham a fronha deles nas embalagens).

4 comentários:

Rogério V. Pereira disse...

Ofereço imagem do meu pâncreas para figurar nas garrafas de tinto, de branco, nas "bojecas" e em toda a bebida que faça esquecer a vida...

e quanto à sugestão de pôr a "fronha" deles em cada maço, nem pensar! O pessoal fica tão nervoso e redobra o consumo!

... mas o teu texto merece um 20
um não dois
dois não três

isso mesmo "três vintes"
(vai uma passa?)

Abraço de um toxico-dependente

Maria João Brito de Sousa disse...

Mais três vintes de outra tóxico-dependente... de tabaco, claro.

Pata Negra disse...

Rogério em primeiro lugar: saúde!
Três vintes, Provisórios e definitivos! E Porto também!
Por fim: um abraço.

Pata Negra disse...

Maria, faz agora dois anos que me libertei. Gostava de morrer em circunstâncias que me permitissem cumprir um último desejo: fumar um poderoso cigarro.
Abraço.