Todos os anos é assim, entre a época dos incêndios e a época do Natal aparece a época do Orçamento de Estado. Enfim, o ano é feito de épocas, épocas essas que são a base de sustento da comunicação social. Na época das cheias, os jornalistas vão sempre a Reguengo do Alviela, na época dos incêndios organizam sempre debates sobre as suas causas, na época do Natal apresentam sempre a maior árvore do Natal e comentam os montantes dos levantamentos no multibanco e, na época do Orçamento, o que costuma divertir mais a malta são as negociações do ordenado mínimo.
A novidade deste ano é que o aumento do ordenado mínimo, vá-se lá saber porquê, passou para plano secundário. Não sei se foi por interesses mais poderosos, se foi por não envolver o patronato, se por ser assunto mais fácil de denegrir, de esgrimir ou de fazer demagogia, por ser de importância maior não foi: falamos, do IUC, Imposto Único de Circulação.
Irs para aqui, Imi para ali, Iva para acolá! A discussão está centrada no aumento do Iuc. Não estão em causa os que pagam muito nem os que não pagam nada mas sim os que pagam pouco: toda a oposição saiu em defesa dos proprietários dos charutos seguindo uma linha imbatível: quem tem uma carro de julho de 2007 é rico, quem tem um carro de junho de 2007 é pobre.
Um enorme orçamento, enormes injustiças sociais na sua distribuição, enormes problemas nacionais e fica-nos para discussão o engodo, o velho truque do governante espertalhão:
- Primeiro surge a notícia que um imposto pode aumentar 1500% - o zé vai aos arames; depois alguém faz contas ao esboço do projeto e aquilo deve dar 600% - os líderes da oposição piscam o olho ao zé mas ele já está mais calmo; depois desmontam-se as parcelas e as leis e afinal aquilo fica por um 25 paus - o zé ainda discute o assunto mas já está para tudo; finalmente misturam-se os discursos, medem-se as forças, apalpa-se o zé e o partido da maioria toma a medida de acordo com a avaliação do impacto eleitoral da mesma, podendo, pela última análise, até ficar tudo na mesma.
Nada disso moverá uma contestação social que vá além duma petição eletrónica, na volta o zé foi na cantiga e nem se lembrou de protestar contra o aumento de 17% do orçamento para a guerra, contra os aumentos de vencimentos completamente desajustados da inflação, contra o caos na saúde ou contra o estado em que está a educação.
E o zé, que trabalha no balcão duma repartição, repete mais uma vez a questão:
- A seguir?
2 comentários:
Estamos perdidos com estes políticos, em vez de controlarem as despesas preocupam-se em controlar as receitas!
Isso é que seria uma grande e porreira medida governamental, em prol da segurança económica do povo. Já viu?
IRS
IRC
IMI
IUC
IVA
Se é Imposto tem tudo de comeeçar por I
Olhe, excepto o A-IMI.
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