domingo, 21 de dezembro de 2025

Roubaram-nos uma refeição por dia

Quando a nossa classe trabalhava de sol a sol, tomava o café, o pequeno almoço ou nada, antes de partir para mais uma jornada. Por volta das dez, ou se ia buscar força na bucha que se levava ou o bom patrão dava o almoço para o trabalho render. A mesma conversa para o jantar do meio do dia. Foi nesta vida que sempre ouvi a minha mãe dizer "tenho de ir fazer o jantar para ires levar ao pai". À tarde era o "vamos comer a merenda" e à noite o "quando o  pai chegar a ceia já está fria". 

Mudam-se os tempos, os termos e a vida, os patrões transformaram-se em empresários, os trabalhadores colaboram e chegam ao emprego com a barriga cheia, o almoço roubou o lugar ao jantar, a  merenda é lanche rápido, "jantem à noite e esqueçam a ceia", os empresários não têm de sustentar colaboradores, dão o subsídio de refeição porque a lei obriga ou senhas de alimentação para contornar a lei.

Em conclusão roubaram-nos a ceia e, em protesto, eu não participo em qualquer jantar de Natal. Sem faca, só com garfo, o prato nos joelhos, não lhe chamo lareira, o lume é a minha televisão.

Conservador eu? Porrinha! Escrevi este texto no iPad!

1 comentário:

Janita disse...

Tudo isso para nosso bem, caríssimo Pata Negra.
O povo português andava a ficar muito balofo..
IPad...? Viva o luxo!
Eu não tenho nada disso.
Abraço risonho.