quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Odete Santos

Uma comunista tem de ser maior que a televisão para que a televisão dê notícia da sua morte. Da minha pequenez, direi apenas que Odete Santos foi grande até eu lhe perder a vista. E tenho a certeza que aqueles que a veem pequena é apenas devido às cataratas do preconceito anticomunista.

A primeira vez que senti Odete Santos em despedida foi em abril, abril de 2007 e registei:

Dela, guardarei as últimas palavras que disse no hemiciclo:
"Enquanto houver estrada para andar eu vou continuar!"
Não acredito que tenha sido pensada a frase ( duma canção de Jorge Palma com a merecida alteração do "eu" de ocasião em vez do "a gente") e ver Odete Santos citar Jorge Palma no Parlamento é para mim um sinal de esperança em Novos Tempos!

Agora não me vou despedir outra vez, era o que faltava! Nós vamos continuar, "subindo e descendo a calçada, as escadarias dos edifícios do poder e a avenida", enfrentando, como eu a vi um dia, o humor pequeno e inteligente do Araújo Pereira rendido à lagosta da burguesia, ocupando a tribuna da república para prostar pelo verbo a voz da mediocridade dos adoradores dos microfones da era da eletrónica, com um verbo de cada um mas com a razão coletiva.

Obrigado camarada Odete! Haja alguém que te atire uma pedra!



5 comentários:

Janita disse...

Homenagem merecida!
Não professo os ideais que regem o Comunismo, mas gosto ou não gosto, das pessoas pelo que são, pelo seu real valor. Sempre gostei muito de Odete Santos, do desassombro com que dizia o que pensava.
Assim sendo, quero pedir-lhe permissão para lhe prestar também a minha justa homenagem.
E que melhor do que reviver tudo o que acabei de dizer?

Ei-la, com toda a sua fina ironia e fortes convicções:
Tal como disse a Odete Santos, digo o mesmo: o PS não entra na minha casa. Nem nas traseiras e tampouco na frente.

Por favor, clique. Se não gostar, pode sempre apagar.

Descanse em paz Odete Santos, viver em sofrimento não compensa uma vida longa.

Obrigada.

brancas nuvens negras disse...

O fascismo está a mostrar os dentes. Quando ele vier, se vier, quem o vai combater serão os mesmos de sempre, os que morreram pela liberdade.
Grande Odete,Gloriosa Odete, a advogada dos pobres.

Maria João Brito de Sousa disse...

Uma enorme mulher e um verdeiro símbolo da verticalidade revolucionária!

Rogério V. Pereira disse...

Teu texto
gostava
de ter sido eu
a escreve-lo

Abraço enlutado
mas de punho erguido
e cerrado

Maria disse...

Que texto bonito!
Uma imprescindível.
Abraço.