Mostrar mensagens com a etiqueta política. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta política. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

O outro candidato


Apenas quatro candidatos já apresentaram públicamente a sua candidatura à presidência da República, mas tal não tem impedido que a comunicação social especule empenhadamente noutras eventuais candidaturas de cidadãos bem vistos e se tenham repetido sondagens com candidatos que nunca o foram ou nem sequer o querem ser. 

Pergunta-se então porque é que há um candidato, de candidatura formalmente anunciada e que já percorre o país em numerosas iniciativas de pré-campanha, que não aparece na comunicação social e até nas sondagens é ignorado.  

Perante esta vísivel intenção de tornar invísivel um candidato e indizível o seu nome, recomendo à equipa de imagem do mesmo que recorra a iscas a que a comunicação social não resiste:

- Dizer que vê melhor do olho direito do que do esquerdo;

- Revelar que tem um parente afastado que pertenceu ao MDLP;

- Confessar que fumou charros na adolescência;

- Fazer um discurso com palavrões e impropérios;

- Aparecer em público com um coelho branco ao colo;

- Simular uma indisposição depois dum almoço bem regado;

- Proferir uma frase com o vocábulo Coreia;

- Defender a necessidade de defendermos a costa dos russos;

- Vestir um fato da marinha de guerra;

- Agachar-se um pouco para parecer mais baixo.

Se nada disto resultar, há uma que, garanto, os balsemões apoiarão e porá fim ao silenciamento:

- Anuncie que vai sair do seu partido.

(Também não digo o nome dele, todos sabem a quem me estou a referir, é o Outro!)

quarta-feira, 5 de março de 2025

Dobro-me no meu sofá.

Nunca bebo demais. Nem neste dias "gordos" bebo demais.
Mas hoje, ando a ver tudo a dobrar.

Vejo dois presidentes da república: um fala de mais quando não é preciso e outro quando é preciso não fala.
Vejo dois primeiro ministros: um diz que fez, que faz, que vai fazer, outro esconde o que fez, não sabe o que faz, nem o que há de fazer.
Vejo duas oposições: uma que não tem medo de mudar e outra que tem medo de eleições.
Vejo dois países: um que absorve a riqueza produzida e outro que produzindo nunca sai da cepa torta.
Vejo duas europas: uma é da paz e da democracia, a outra grita a guerra na voz dos não eleitos.
Vejo dois Costas: um está na "quadratura do círculo", outro não tem filhos em idade militar.
Vejo dois papas: um não quer morrer, outro quer ir para o céu. 
Vejo dois Putins: um quer transpor o rio de Onor, outro não consegue atravessar o Dniepre.
Vejo dois Trumps: um ordena a paz na Ucrânia, outro sugere a consumação do genocídio em Gaza.
Vejo dois Zelinkys: um é corajoso e desafia o Trump, o outro perde a face e ajoelha-se ao Trump.
Vejo duas televisões: numa está o Milhazes, noutra está o Nuno Rogeiro.

Calma! Estou a ver tudo multiplicado! Maiorias que se formam na parada! Vai tudo para a guerra! Os pais estão a tirar os filhos das escolas para os alistar! Os governantes exibem milhões que não existiam, agitam-se bandeiras, os telespetadores fazem coro com os seus comentadores, avancem jovens, avancem, sobre a terra e sobre o mar! Tendes a oportunidade de morrer heroicamente!

Todos os dias, de manhã, vou verificar os marcos do meu quintal, nunca me esquece o que aconteceu em Olivença. Hoje, quando regressei a casa, sentei-me frente à televisão e vi-a dobrar. Fui buscar o espelho grande que tenho na sala de jantar e coloquei-o no lugar da televisão: eu estava sozinho no meu sofá.


sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Por ocasião da morte dum cidadão

(sem imagem)
Nos últimos dias a comunicação social popular tem encontrado assunto de entretém nos acontecimentos que tiveram origem na morte dum cidadão por um tiro disparado por um polícia. 
Não é com elementos fornecidos por essa comunicação social que vou opinar sobre as circunstâncias em que essa morte aconteceu e, muito menos, fazer julgamento popular de quem foi  morto ou de quem matou.
Mas há coisas novas que não costumavam acontecer em casos destes, o líder dum partido com cinquenta deputados disse:
- Nós devíamos agradecer a este polícia o trabalho que fez. Nós devíamos condecorá-lo... 
O líder do grupo parlamentar desse partido disse:
- Se calhar, se os polícias disparassem mais a matar, o país estava mais na ordem.

Um assessor dum deles, de ambos ou de quem lhes lava os tomates, escreveu:
- Menos um criminoso... menos um eleitor do Bloco.

É por causa destas e por outras que, hoje mesmo, recusei participar numa almoçarada. Sabia que iria lá estar um "chega assumido" e disse para quem me convidou:
- Não vou porque não me sento à mesa com gente dessa!
- Pois, mas como deves perceber, eu não  vou deixar de convidar ninguém por questões políticas!

Claro que aceitei como legítimo o argumento e nem me dei ao exercício de explicar que não eram questões políticas mas civilizacionais. Mas fiquei a pensar em todos aqueles que são do Chega ou,  pelo menos, cúmplices das suas alarvidades e barbaridades, sem terem consciência de que o são. Podem até nem votar neles mas lá no fundo, pensam como eles ou pelo menos toleram-nos e convidam-nos para almoçar.
Um cidadão matou, ao serviço do Estado, outro cidadão. Cuidado! Isso deve ser muito bem esclarecido! O resto é palha para "ventrulhas".


sábado, 4 de maio de 2024

Abdul Nawaf tem 12 anos e deixou de falar.

Abdul Nawaf, 12 anos, vivia com três primos num abrigo, entre ruínas, na cidade de Rafah. Há alguns meses que nenhum deles se afastava mais de cem metros do “lar”. Resistiam física e psicologicamente a cada dia, inventavam, naquele círculo, a sua sobrevivência e a sua razão de existir. Tinham receios mas não medos. Aliás, tinham medo de sair dali porque sentiam e pressentiam os acontecimentos da sua terra em guerra. Um estrondo daqui, um grito dacolá, a proximidade do ruído de um carro de combate, ao longe um vulto de arma içada, um avião israelita rasgando o céu, um cão farejando nas ruínas próximas, um gato morto…

Um dia Abdul Nawaf, fez-se às ruas transformando todos os medos em receios, e foi verificando como a cidade era feita de abrigos iguais aos seus, como eram iguais os métodos de sobrevivência dos seus semelhantes e como continuava igual a sua razão de existir. À medida que ia caminhando, ia perdendo a identidade, ia sentindo que não valia a pena viver em lado algum mas, pior que isso, que também não valia a pena morrer. Encontrou um meio-termo, deixou de falar. Continuou deambulando, entretido a observar os outros, evitando despertar olhares e foi neste passo que o narrador, que fazia a cobertura daquelas existências, lhe perdeu o rasto …

Como todos os narradores ele era incógnito e, morreu de romance ao meio, por não conseguir voltar a alimentar-se de Abdul Nawaf.

Quando os outros narradores voltarem à terra assassinada, já os jornalistas que, cá longe e em terra firme, operam as máquinas da opinião pública de cada dia, hão de ter cozinhado e servido a História que servirá aos vencedores. E nós, mais uma vez, ficaremos mais cultos quando virmos uma fita de cinema dessa guerra, bem narrada mas sem cheiro e abriremos as torneiras para os "macrons" lavarem as suas mãos.

(Quem está convencido que pertence a um povo escolhido por Deus, nunca conseguirá respeitar os outros povos como iguais.)



sexta-feira, 1 de março de 2024

O analfabeto político

O pior analfabeto
é o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo da vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
da renda, dos sapatos e dos remédios
dependem das decisões políticas.

O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e incha o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado
e o pior de todos os bandidos:
O político vigarista,
pelintra, corrupto e lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.

Bertolt Brecht (1898–1956)



quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Este texto é para ti que não sabes ler

Vota sua besta!
Dá voz aos cinzéis que apunhalaram o século findo de cinzento,
Canta e ergue os hinos e bandeiras que condenaram à miséria os teus avós.
- A fome fez-lhes bem! - dirás.
- Não comeram coisas que lhes fizessem mal!...

Tu que és a raça pura duma pátria inventada e não queres cá misturas,
Besta seduzida pela palha adulterada que faz esbracejar Ventura,
Carrega a albarda que não podes ver porque estás sob ela, 
Exibe o teu geosaber com os nomes das cidades dos grandes clubes da bola,
Gaba-te de não leres, de odiares a escola e de ignorares o que se passa à tua volta,
Baba-te no crédito que isso dá à tua opinião!
- Tenho esse direito, não?
Perguntas tu, num espasmo de direito democrático à revolta. E claro, não precisas de dizer, o mais grave disto tudo é o Rendimento Social de Inserção!...

Tu, cuja alta cruz só te permite olhar para baixo no Natal, 
Serve-te do boletim para fazeres a cruz em que queres ser crucificado,
Abre às pazadas  a cova da ignorância em que vais ser enterrado.
 - Não digas a ninguém! O voto é secreto!...
Consola-te enquanto limpas o rabo e goza enquanto contemplas aquilo que fizeste, 
Orgulha-te do resultado de teres tido razão:
- Eu bem disse que os gajos iam subir outra vez!
As tuas capacidades de vidência são uma ternura.
 
Tu, tu, tu e tu, tu aí, tu e tu também! 
Eu não me importo de morrer antes de ti só para não viver o monstro protofascista onde a tua consciência vai desaguar.
És uma besta! Uma besta tal que não se reconhece como tal!
 
Conheço-te muito bem, tu cá, tu lá! 
Não me dês palmadas no dorso! Animal és tu! Eu sou da humanidade!
- O futuro é bom se for como o passado mas uso aquele champô novo que dá na televisão!
Pois, está explicado o estado da tua cabeça. Se houvesse medicina da consciência, para começar, recomendava-te que trocasses o aparelho por cânhamo e que lesses o Escuta Zé Ninguém. 

-Vai bardamerda pá! Não é por escreveres uma cruz que sabes ler!

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Os eleitores do "chega" estão entre nós

Não são os militantes que saíram dos sótãos e das tumbas dos avós que lamberam as botas do fascismo, que por ora devemos enfrentar mas somente os eleitores que os alimentam.

Identificam-se facilmente, sentam-se na mesma mesa  que tu, ouvem a conversa que anima a discussão e, de regresso duma ida à retrete, antes de se sentarem, abrem a gabardine e grunham  num tom murcho e perverso:

- Mas ele diz uma coisa que é verdade!

Em casos mais perigosos podem ainda acrescentar que são todos iguais, que tanto se lhes faz que vão para lá estes como outros, que não há esquerda nem direita ou que não vão com política.. Têm um denominador comum: não se assumem!

São esses, que bebem dos mesmos jarros do que nós, que nesta hora nos devem preocupar. 

- E como combatemos um ser incapaz de interpretar o seu lugar, o tempo que vive ou as suas falsas referências?

De facto são situações em que não valem os argumentos. Eu, levando o dito, ‘Se há dez pessoas numa mesa, um fascista chega, senta-se e nenhuma pessoa se levanta, então existem onze fascistas numa mesa”, faço assim: levanto-me deixando perceber aos presentes as razões porque o faço e saio sussurrando, em modo audível uma quadra popular.  

Portanto, é muito simples: não conviverei, não me relacionarei socialmente com qualquer indivíduo que seja apoiante, simpatizante, eleitor, potencial eleitor, ou defensor dum mentiroso nato, "que diz uma coisa que é verdade"!...

E, por favor, não me atirem que corto relações com pessoas por razões políticas. Só não tenho amigos em todos os partidos porque os partidos são muitos e nunca fiz da política um critério de amizade. Mas não se trata de política, trata-se de valores civilizacionais e racionais, quanto a isso, não pode haver tolerância, o mal tem de ser cortado quando está a nascer.

(legenda: com deus me deito, com deus me agasalho, com uma mão no peito, outra no ...)





quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Odete Santos

Uma comunista tem de ser maior que a televisão para que a televisão dê notícia da sua morte. Da minha pequenez, direi apenas que Odete Santos foi grande até eu lhe perder a vista. E tenho a certeza que aqueles que a veem pequena é apenas devido às cataratas do preconceito anticomunista.

A primeira vez que senti Odete Santos em despedida foi em abril, abril de 2007 e registei:

Dela, guardarei as últimas palavras que disse no hemiciclo:
"Enquanto houver estrada para andar eu vou continuar!"
Não acredito que tenha sido pensada a frase ( duma canção de Jorge Palma com a merecida alteração do "eu" de ocasião em vez do "a gente") e ver Odete Santos citar Jorge Palma no Parlamento é para mim um sinal de esperança em Novos Tempos!

Agora não me vou despedir outra vez, era o que faltava! Nós vamos continuar, "subindo e descendo a calçada, as escadarias dos edifícios do poder e a avenida", enfrentando, como eu a vi um dia, o humor pequeno e inteligente do Araújo Pereira rendido à lagosta da burguesia, ocupando a tribuna da república para prostar pelo verbo a voz da mediocridade dos adoradores dos microfones da era da eletrónica, com um verbo de cada um mas com a razão coletiva.

Obrigado camarada Odete! Haja alguém que te atire uma pedra!



sábado, 4 de julho de 2020

25 de abril, 1º de maio e Festa do Avante


25 de abril, 1º de maio e Festa do Avante - a polémica comum que tem sido gerada à volta destas festas, à boleia dos atuais condicionamentos da vida social, vem pôr em evidência aquilo que os principais animadores da mesma andam, há anos, a escrever História para o negar: há um triângulo com estes vértices. 

Podem ir repetindo que o 25 de abril se resumiu a um processo de abertura à democracia e não foi um uma revolução popular de cariz socialista, podem ir tentando transformar o Dia do Trabalhador em dia do colaborador, podem fingir que a Festa do Avante não causa incómodo e repetir com satisfação que "aquilo não são só comunistas". A verdade é que são cravos e bandeiras com uma cor comum contra a qual investem fazedores de opinião acossados pelos seus donos, saudosistas da outra senhora, meninos que foram ao sotão buscar a raiva dos avós salazaristas e gente que tem medo, não só do vírus mas de todas as forças e manifestações associadas a ideais de transformação da sociedade.

E foi por isso que, aprisionados nos seus lares com os seus fantasmas, depois de saberem que o número de pessoas que iam estar na Assembleia no dia 25 de abril era semelhante aos dos outros dias, não conseguiram dar a mão à palmatória e continuaram a protestar. Foi por isso que, depois de terem verificado que as manifestações do 1º de maio decorreram de forma exemplarmente organizada, respeitando as regras de distanciamento físico, não se calaram e continuaram a barafustar. Foi por isso que, a mais de três meses da Festa do Avante, sem ninguém lhes dizer em que modos e condições a mesma se poderá realizará, sem sequer fazerem ideia da evolução da pandemia e quais as regras a exigir, não hesitaram: - É vermelho, é para... (falha do teclado)!

Não os incomodou que o Balola da República fosse à arena do Campo Pequeno anunciar, entre milhares de pessoas, que o Dia de Portugal seria assinalado por oito pequenas almas; ficaram de bico calado quando o Raça de Coiso (que também é contra as três coisas) se juntou com as da sua raça numa vergonhosa manifestação; não se erguem contra as condições em que viajam diariamente para o trabalho os servos da Lisboa chique, não, nada disso surge aos seus olhos como vermelho.
Caiu-lhes a máscara!

Uma coisa é certa, sem haver festas, falou-se mais este ano em 25 de abril do que em outros anteriores; as manifestações do 1º de maio de 2020 deixam para o futuro imagens históricas, a Festa do Avante, habitualmente silenciada e ignorada pela comunicação social, nunca foi tão falada e já tem publicidade para os próximos anos.
- Atão e a Festa do Avante, pá!?

terça-feira, 6 de agosto de 2019

E a bomba caiu - sic


Já muito raramente vejo telejornais - irrito-me! Acabo de ver o telejornal da SIC - desliguei a televisão.
Na história da humanidade apenas duas bombas atómicas, muitas, foram lançadas sobre populações. Assinalam-se anos. "Uma bomba atómica caiu sobre Hiroshima". Fala-se da data, do número de mortos, passam imagens. Uma bomba caiu. Não foi lançada, não havia avião nem se referem autores. Simplesmente a bomba caiu. Um ministro japonês discursa na circunstância do aniversário do inqualificável acontecimento e apela à erradicação das armas nucleares. A peça jornalística refere a Coreia do Norte e passa a Nagasaki. Continuamos sem saber de onde choveu a segunda bomba, foi mais uma que simplesmente caiu. Completa-se a informação sobre o fim do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e ilustra-se a peça com imagens do Reagan e em seguida do Putin. Fica-se sem saber quem rasgou o tratado e sem compreender porque raio se juntam duas personagens de tempos históricos diferentes.
Desliguei a televisão, desabafei este texto e agora vou à net para ver se consigo averiguar se alguma nação está por detrás do lançamento dessas duas bombas que, cá para mim, é a mesma que renunciou ao tratado assinado.

sábado, 3 de agosto de 2019

A vida, o país, só param se não houver mulheres.


Na primeira greve o governo culpou o povo por ter corrido para os postos de abastecimento de combustível, tendo apontado esse alarmismo como a principal causa da crise energética. Anunciada a segunda greve, o governo aconselhou as pessoas a atestarem os depósitos e a deslocarem-se o mínimo possível.

- Vá lá a gente entender isto! Bem, tenho de ir atestar! - observou a 1ª mulher.
- Isto são greves políticas - ou não viessem aí eleições!... - comentou o 1º homem.
- Também os governos agem, na sua ação, em função dos calendários eleitorais!...  A greve é um direito! - disse o 2º homem.
3º homem - Meia dúzia de indivíduos não têm o direito de parar o país! O governo tem de fazer alguma coisa!
- Não é a questão de serem meia dúzia! Enquanto não derem cabo dos comunistas isto não vai lá!... - acrescentou o 4º homem.
5º homem - Homem, mas segundo ouvi, este sindicato é novo e nem de esquerda é! Acontece que estão a cair numa armadilha, o governo prepara-se para utilizar o impacto negativo da greve em seu favor virando o povo contra os camionistas! Entretanto, toda a gente se esquece dos preços elevados!
6º homem - Então mas o governo não tem nada a ver com isto! Isto é entre uns tipos que já ganham bem e ainda querem mais e uns empresários que não têm margem para isso! Por causa deles não tarda aí um novo aumento dos preços!
- Ora, a mim não me incomoda que queiram ganhar o dobro ou o triplo ! O que me incomoda é que vos incomode tanto a luta duns tantos trabalhadores por um aumento de salário e nunca  vos tenha visto levantar a voz contra os lucros astronómicos do negócio do petróleo! O que me incomoda é que estejais tão incomodados com a possibilidade dum incómodo de alguns dias sem gasóleo e nunca vos tenha visto levantar a voz pelos que há anos estão sem água, eletricidade e paz, graças a primaveras de sangue ocidental! - rematou o 7º e último homem.

- Ainda bem que não são onze! Nesse caso a conversa tinha sido outra vez sobre remates e ordenados de jogadores!... Vou mas é atestar! - interveio a 2ª mulher enquanto se dirigia à saída!

O (a) jovem tirou os olhos do telemóvel e perguntou: 2ª mulher de quem?!
Como ninguém lhe tivesse respondido continuou e escreveu uma mensagem em que avisava:
"Comida para gatos pode faltar"

domingo, 3 de abril de 2016

Para Angola, rapidamente e em força!


Não nos sai da memória nem do coração o Portugal Ultramarino, a missão católica de civilizar indígenas, o direito histórico que temos sobre povos que trouxemos ao colo e à chapada antes de se tornarem autónomos e, contra nossa vontade, se transformarem em nações para, bem ou mal, andarem pelo seu próprio pé!
Definimos-lhes as fronteiras, oferecemos-lhes alfaiates para os fatos  dos seus chefes e demos-lhes o mote para as suas leis e os seus sistemas judiciais. 

Mas é preciso estarmos vigilantes. Podemos tolerar guerras fratricidas entre eles, o petróleo bruto e sujo que compra meio Portugal, os meninos de Luanda, mas nunca permitiremos que um grupo de jovens pequeno-burgueses seja condenado por, segundo a nossa imprensa completamente séria e independente, ter lido um livro em colectivo.

Sobretudo porque não se passa na Zâmbia, no Quénia ou na Nigéria! Passa-se em Angola um país que se saiba, ainda é um bocadinho nosso!

E então, há que pôr a soberana Assembleia da República, da república tutora, a atirar juízos sobre a decisão judicial do jovem país soberano. Não interessa, portanto, que não se tenha igual zelo para situações bem mais claras de limitações à liberdade de expressão, que se ponha em causa o superior interesse da nação no que toca a relações entre nações, que se esqueça o que se passa dentro da nossa própria casa, Angola ainda é um bocadinho nossa e isso basta.

Esqueçam! Colonos saudosistas! Angola já não é nossa! ACABOU-SE!

Mas pronto, por cá, pode haver diferentes opiniões, estamos num país livre! Mas ai de quem não se levante para condenar, quem não atire pedras à nação adúltera! 

Sabemos que certa esquerda benetton e certo esquerdismo de podoa, mais do que atacar o governo de Angola, os negócios dos sócios do PS/D ou do CDS, se baba de indignação pela esperada serenidade dos comunistas portugueses que, diz-se, só o fazem porque o MPLA paga terreno na Festa do Avante! Conhecemos bem a lista dos convidados do casamento de Isabel dos Santos. Aprendemos que as primaveras árabes, cariocas ou da china, trazem sempre uma ideia engraçada e peregrina: vamos propor um voto!...

Dou-me bem com toda a gente, até com Deus mantenho uma relações bastante satisfatórias, baseadas no princípio da não ingerência nos assuntos internos. Estou solidário com os presos políticos de Angola e de qualquer parte do mundo. Não simpatizo com as oligarquias de poder que se parecem ter formado em muitos países africanos. Com estes media, sei muito pouco do meu país, quanto mais de Angola! Com esta esquerda mediática, sinto-me muito mais sereno com a esquerda silenciada!...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

E eu é que sou o porco?!

Antes de começar a aporcalhar, deixem-me acautelar que matar é um ato incomparavelmente mais porco do que desenhar uns cartoons porcos. Não faltam textos com os quais me identifico sobre o repúdio relativo ao ato terrorista mais falado esta semana - não necessariamente o mais hediondo. Aqui e acolá surgem reflexões fora da linha comum dos opinantes do sistema que também curto.

A mim, porco por opção de personagem, sobram-me os restos. É assim que me resta falar dos que hipócritamente se levantaram como os arautos da liberdade de expressão. Como se não existisse histórico das suas reações a certas opiniões que lhes tocam as partes fracas, como se não soubessemos como são condicionadas as redações dos orgãos de informação, como se os gregos não estivessem a sentir, nestes mesmos dias, que as democracias ocidentais afinal estão limitadas às ideias que os democratas que detêm o poder defendem como únicas.

"Eu Sou Charlie", pousaram agora mesmo com esta frase para a TV, uns fatiotas nossos de Lisboa convidados pelo criativo António Costa. Eu gostava de ver como reagiriam, caso  estivessemos num país com condições para ser possível um Charlie Hebdo (nunca os ouvi falar de José Vilhena, muito menos na sua defesa quando foi processado pela princesa do Mónaco),  se uma publicação portuguesa se atrevesse a mostrar cartoons com o Santo Padre a sodomizar o Mário Soares, o Portas a fazer um felácio ao Passos com um submarino enfiado no, a Senhora de Fátima assim e assado, e deixem-me parar porque tenho cu.

É claro que não matariam! Pudera! Claro! Não é disso que estou a falar! Mal por mal prefiro-os, a esses monstros extremos orientais que ajudaram a criar! O resto que me sobrou e de que estou a falar é: será que apareceriam publicamente a defender a liberdade de expressão?

Não meus senhores, estarei a vosso lado no que toca a lutar contra a bárbarie, discutirei abertamente convosco a história do último século, mas no que toca a liberdade de expressão e democracia, não pousarei ao vosso lado. E por favor, não me comam!


sábado, 18 de fevereiro de 2012

Três males e um só remédio

Não é só o mal de estarem a dar cabo da economia nacional, alguns deles são suficientemente estúpidos para acreditarem que as coisas se resolvem assim. Não é só o mal de estarem a atirar milhares de portugueses para a pobreza, alguns deles são suficientemente insensíveis para resolverem a sua consciência com umas sopas. O mal, é que muitos deles, parecem agir com um certo ressentimento histórico, como se tivessem prometido ao avô que tanto sofreu com o 25 de abril:
- Um dia iremos recompor este país!...
Essa recomposição, formalizada em iniciativas políticas sempre dirigidas  aos direitos (privilégios e regalias -chamam-lhes eles com descaramento)  dos mais pobres, acontece encoberta pela ideologia da crise.
As vítimas perguntam ao fim da notícia de cada medida:
- Mas o que é que isto vai resolver?!
Falta-lhes perceber que isto não é só uma questão de políticas, há uma geração, filha de gente que adorou o Estado Novo, que está a ajustar contas com a revolução de abril. Perante estes factos, só há um remédio:
luta de classes!
Não, não são fascistas! São menos do que isso!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Escândalo! Haja vergonha!

Subsídio de Férias e de Natal passam a chamar-se abono suplementar... mas só para alguns!
Clique na imagem para ampliar
Ponto 3- Nos meses de junho e novembro, para além da mensalidade referida, será paga outra mensalidade de 1575.00 euros, a título de abono suplementar.
Custa a acreditar, não é?! Vem no Diário da República, 2ª série, nº14, 19 de Janeiro de 2012.