Faz 21 anos, no dia 23 de Fevereiro de 1987 cumpria o serviço militar na Escola Prática de Artilharia em Vendas Novas. O camarada Nunes ouvira no rádio do balneário a notícia daquela madrugada e acordou-me com ela no regresso ao quarto: - morreu o Zeca Afonso!
Nessa manhã tomei a linha do Setil para vir à terra tratar duns assuntos urgentes: na janela da automotora, a paisagem desse Além Tejo, ditou-me esta homenagem:
amigo canto e morte
maior que o pensamento
abril não morre
por mais que novos ventos se levantem
de rumo a falsas índias
levando incautos marinheiros deste cais
abril traz sempre voz
virão mais cinco e mais
cantando sim ao dizer não
virão como tu outros iguais
fazer de Maio cantiga
fazer de Abril canção
amigo canto e sempre
até
12 comentários:
Cala profundamente o seu gesto.
É daqueles gestos que lhe justificam verdadeiramente a Coroa...
É um lindo poema que o revela como ser humano realmente excepcional, tal qual o foi também Zeca Afonso.
E que falta ele nos faz nestes tempos conturbados que vivemos.
Obrigada por o partilhar aqui.
Um beijinho amigo
Maria
Há homens como o Zeca que estão Além. Está actual como estará enquanto houver Vampiros.
Morre um amigo mas não morre o seu canto... muito menos o seu encanto.
Que o Zeca sinta este abraço geral de quem tanto o admira.
Há 21 anos que partiu, mas não a sua memória.
Essa nunca morreu e está a fazer-se ouvir cada vez mais, de novo.
Se quando morreu já estava amargurado com o caminho que "isto" levava, imagina o que seria agora!
Por isso é necessário que haja vozes que avisem...
Bem hajas
Bom fim de semana e um abraço
Companheiro,
Nunca é demais lembrar este grande resistente anti-fascista. Porque o fascismo existiu!
Um abraço solidário
Neste país triste e sem valores nem ideais, cada vez mais homens do calibre do grande Zeca fazem falta. Bela homenagem.
Saudações do Marreta.
Pata Negra
Emocionei-me ao ler este poema de homenagem a Zeca Afonso. Ele foi uma referência na minha geração e as suas músicas eram escutadas por mim com devoção, e em surdina, no antes 25 de Abril. Conheci-o, pessoalmente, em tertúlias e na Ilha de Tavira e apesar da grande diferença de idades eu sentia nele pulsar a força dum carácter que intervinha e não abdicava. Senti-me mais pobre quando deixei de ouvir a sua voz. E quando me sinto revoltada com o que vejo ainda trauteio muitas das suas canções.
Um abraço nostálgico
Maria, sempre me confortam os teus comentários - também podes dizer mal!...
Mas tenho um grande problema contigo: abrir o teu reino é sempre um problema, o meu PC é lesma mas dá-me impressão que deve de existir alguma limitação relacionada com os muitos gráficos que ilustram a tua acolhedora casa de Maria - sou só eu a queixar-me?!
No entretanto vamos convivendo e isso é o mais importante.
Um abraço de rei
Pronto, Majestade, "mal". Está dito.
Quanto à entrada no "reino de esther" é possível que esteja muito carregado pelos vídeos.
Não obstante ter sempre a porta aberta, prometo abrir uma janela panorâmica com vista exclusiva para aqui.
Um beijinho amigo
Maria
O Zeca merece que não o esqueçamos!
Pela força que nos deu em momentos complicados, pelas palavras que nos fizeram continuar a lutar, pelas canções que ainda hoje nos fazem não esquecer que não queremos voltar atrás!
Gostei muito das tuas palavras!
uma voz maravilhosa no timbre e no conteúdo...
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