A mãe morreu!
A crueza do verbo:
morrer.
O sentimento que faz pequena a palavra:
Mãe!...
Metade de nós
Que vai à frente
Prá lá, pró não sei pra onde!
Finalmente adulto de corpo inteiro:
Órfão de mãe!
A mãe morreu!
E no entanto passados anos,
Os lábios procurando o mamilo
Ao passar pela mesinha do telefone:
- Já não posso telefonar à minha mãe!
Lembrar-me todos os dias
e hoje sobretudo,
Pelo o orgulho de nunca termos ligado patavina a este dia.
10 comentários:
Crú, forte ...
... é...
Um verdadeiro poeta!
Um dia apenas, quando nos dedicou infinitamente mais do que isso.
Cumps
Bonito, amigo.
Disseste o que senti, o que sinto desde há três anos... porque ela ligava a este dia, eu, que parece que não ligava patavina ao dia, "tinha de" ligar... Agora ligo mesmo. Assim como tu disseste.
Olha, um abraço
Majestade
Cá em casa também não festejávamos os "dias" que o consumismo nos queria (e insiste em) impor. O «Dia da Mãe» acontecia todos os dias. E o dia em que partiu foi dos mais trites que vivi. Há uma lacuna que nunca mais será preenchida! Falta-me a minha Mãe para eu partilhar os meus dias bons e os maus! Faz-me falta o seu amor! Faz-me falta acreditar que há outra Vida para além desta!
Alberto Cardoso
Percebo tão profundamente esse sentimento de orfandade, apesar de ainda ter viva a minha mãe.
Quantas vezes dou comigo a pensar : um dia não poderei telefonar-lhe e nem dizer-lhe o que não falo a ninguém, porque ninguém nos aceita completamente como ela, mesmo se nos censura alguma coisa.
Um dia sentirei maior tristeza por nunca lhe ter revelado totalmente a importância real do seu amor.
Mas quantas vezes pouco relevamos quem nos ama e apenas nos resta depois uma sensação de ligeiro desconforto, de vazio, de falta de um bem que tanto nos quis e nós nem fomos sequer capazes de nos limitarmos a aceitar.
Um beijinho amigo
Nunca entendi o porquê de, a um sacana, se chamar "filho-da-mãe", palavrinha que não!
Um abraço.
Pata...
pois é, no fácil uso da ironia se descobre, afinal, tanta profundidade do sentimento...
abraço
Pata Negra,
Assim não vale!
Fizeste-me chorar.
Lindo! Comovente!
Um beijo
Este ano não me foi possível dar um beijo à mãe, no seu dia. Porquê? Faleceu em Outubro passado...
Abraço
Compadre Alentejano
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