quarta-feira, 16 de maio de 2007

O Elogio do Frigorífico



Por hábito, não leio livros. Leio-os por outras razões. Irrita-me essa coisa do Ler como resposta às ignorações (eu sei que a palavra não existe, mas apeteceu-me inventá-la). Pela forma como falam, os que lêem, da escrita até parece que quem não lê, não saboreia leitão, não tem orgasmos, não sente a primavera, não tem prazer de viver. Os que lêem, assumem-se assim e são assim chamados, os letrados, só por lerem letras, romances, alguns que sei, não têm nada a ver com a realidade!
Realmente, nesta hora – noutra hora posso pensar diferente – não me ocorrem grandes diferenças entre o Ronaldo e o Saramago, entre Tchaikovsky e Kim Barreiros, entre José Vilhena e Castelo Branco, entre o Sócrates grego e o da Covilhã.
Na verdade, prefiro os contos populares que atravessaram gerações, as quadras e melodias moldadas por séculos de descamisadas, as pirosadas que se amanham nas tabernas em extinção, enfim a cultura sem registo ou escola.
E veio a escrita, a imprensa, a grafonola; a cassete, o vídeo e a internet e benvindas serão outras coisas que virão, mas não me subestimem com desdém, nem me chamem nada por eu ignorar coisas que não me dão pica nem sustento! Sou assim prontos! (eu sei que não se diz prontos, mas… Prontos!).
Prontos! Eu vivo sem todas essas coisas! Posso passar sem a televisão, as notícias, a água quente! Não preciso da letra impressa - tenho ouvidos para ouvir e boca para falar - não preciso do automóvel – se for preciso compro uma bicicleta - dispenso todas as maravilhas do transístor! Só não consigo viver sem frigorífico – esse o tal, que não tem manual de instruções, nem rodas, nem electrónica!
Não sei se o caro contemporâneo, já experimentou viver privações de electricidade:
- pode-nos faltar tudo na vida, arroz, cultura e televisão, só nunca nos pode faltar um frigorífico! De preferência Bosch! Eu sei que lembra berbequim! Mas sei que é uma boa marca!
Vê-se pelo andar do texto, que estou a descarrilar, comecei a escrever porque fui ao frigorífico buscar uma sagres, não sei de que marca, e senti uma vontade imensa de o recompensar! Tentei, mas não consegui meter o Sócrates na história para descarregar!
Ocorre-me agora: se enfiássemos o Sócrates no congelador! Podia ser que daqui a uns anos desse jeito!

3 comentários:

Anónimo disse...

Venha de lá uma Sagres e que se lixe o Sócrates

Pata Negra disse...

shai-shai é errado beber para esquecer! Bebamos a Sagres mas não esqueçamos a Sócrates!

Anónimo disse...

Não vale fazer propaganda.
Bosch é bom! Bosch é bom! Bosch é bom!