quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Os Homens de Lucina

(Lucina - nome poético da lua)

marinheiros da lua/
existência de navios na barra, à solta/
toca três vezes a guitarra/
é a libertação,
a independência,
é a revolta.../

homens da física e da astronáutica nada nos disseram
da nudez e dos orgasmos de Lucina,
escrava da Terra, e do Mar ama, que se fez da noite para os seus abraços,
da mente para os seus porquês.

menina de mil esposos – falando a meia voz dos meninos de Adolfo,
do pedantismo burguês dos cães da frente,
dos braços perversos da Nação.

alguém falou do Céu e calou seus astros
alguém falou de Adão e calou seus avós
alguém ousou simular a fantasia
nos corações dos órfãos da espada de haraquiri...

nada me detém, sou um macho da Lua,
não preciso que o Poder caia nem que a terra do sonho seja aqui,
sou um macho da lua.

imagem de Narciso com mil vidas, viagens, por aí, às escondidas.
Lucina libertou-me...
levou-me para longe da cidade
levou-me para longe da floresta
libertou-me! libertou-me!

nas intimidades de Lucina estão preparando
a revolução, limpai as vossas armas, muitas cabeças
vão rolar na praça pública.

/quero apenas libertar-me
das discussões da bola dos meus vizinhos
da negritude da sombra do homem que me persegue /

7 comentários:

carlos filipe disse...

Pata Negra, Pata Negra
venho aqui me confessar
nesta país prostituto
há muita foda p´ra dar.

Há uns que não vão à bola
outros a bola procuram
anda tudo à cabeçada
e deste mal não se curam.

Pata Negra, Pata Negra
Tanta Lucina que as há
vão subindo pela vida
bem presas ao marajá.

Neste país pequenino
não vence quem tem valor
mas sim quem mais fodas dá!

Anónimo disse...

obrigado pela visita e comentários ao poço dos negros.

joshua disse...

Intens, sim, senhor.

Robin Hood disse...

Nas intimidades da Lucina está a revolução.

Robin Hood disse...

Nas intimidades da Lucina está a revolução.

MARIA disse...

É sempre fascinante a forma como usa as palavras .
Neste caso, o resultado é um poema de rara beleza e profundidade que nos remete a séria reflexão para lá das palavras de arte com que o enfeita.

Um beijinho amigo

Maria

Jorge P. Guedes disse...

Lucina, ou Catalina, como lhe chamam os espanhóis, que dizem que Catalina se levanta "cuando Lorenzo (o sol) se va a acostar."

Que a tua Lucina ilumine sempre o teu caminho!

Surpreendeste-me agradavelmente.

Um abraço.
Jorge G.