(Se não leu o Quarto 1, o Quarto 2, o Quarto 3, o Quarto 4, o Quarto 5, o Quarto 6, o Quarto7, o Quarto 8, o Quarto 9, o Quarto 10, o Quarto 11, o Quarto 12, o Quarto 13, o Quarto 14, o Quarto 15, o Quarto 16, o Quarto 17, este quarto não faz sentido)
No dia seguinte à noite em que tive a companhia de Adalberta levantei-me pelas 10 horas. Dona Graça, por horário de cozinheira, ainda estava em casa. Quando saí da casa de banho, embrulhado na toalha, ela chamou-me da cozinha:
- Cabitche!? Chega aqui!... Dormiste bem com a companhia? Ainda se dorme lá para cima?
- Não! Já não está ninguém no quarto!...
- Não me digas que aquela puta abalou e nos roubou a menina?!
Fizemos um breve silêncio interrogativo e Dona Graça, sentada em pequeno-almoço, interrompeu-se em prantos.
- Deixe lá mamã emprestada, Deus escreve direito por linhas tortas! Se calhar foi melhor assim!...
- Não! Já não está ninguém no quarto!...
- Não me digas que aquela puta abalou e nos roubou a menina?!
Fizemos um breve silêncio interrogativo e Dona Graça, sentada em pequeno-almoço, interrompeu-se em prantos.
- Deixe lá mamã emprestada, Deus escreve direito por linhas tortas! Se calhar foi melhor assim!...
Continuámos com meia dúzia de voltas sobre o assunto, ela a enfileirar “puta” atrás de “puta” e “Dorinha minha menina” e “minha menina Dorinha” e eu a cobrir de amenos a pequena tragédia com o que me vinha à ideia.
- Só me faltava esta!... Sabes que mais?! A Tânia está grávida!
- Ai!...
Não sei se o “ai” foi de solidariedade, de surpresa ou dos ditos me terem batido no chão – estava sem cuecas! Em dois segundos, duzentos pensamentos mudos:
“Grávida?!... Eu?!... Carlitos?!...”
- De quase quatro meses!... Porque é que ela não me disse João?! Conheço uma mulher que faria o desmancho! Mas agora? Já viste João!... Já não é tempo!
Voltei a pensar para dentro, fiz contas:
“Eu?!... Há tão pouco tempo! Não!... Isso foi obra do Carlitos!... Por isso ele anda tão branco! Quem diria! O petiz!... Hem!?”
- João! Ajuda-me a pensar!
Dona Graça continuava a falar sem perceber que, também eu, precisava de ajuda para pensar:
“Eu?! Queres ver que Tânia me fez a folha!? Queres ver que me calha a mim?” Compus à podoa os raciocínios que me jorravam por tudo o que era cabeça e cheguei-me à anunciada futura avó que continuava sentada. Apoiei-a, apoiando uma mão no seu ombro e pairei de sabedoria:
- O mundo não acaba por começar uma vida nova! É Deus que no-la dá em troca de Dorinha!
- Tens razão João! Eles são jovens, que se amanhem! E nós cá estaremos também com o nosso amanho!
Este “eles” aconchegou-me os cujos, ainda doridos, ao sítio! “Eles”, não tinha nada a ver comigo!...“Com que então o Carlitos de Girabolhos vai ser pai?!”
- De facto eu achava Tânia um pouco estranha! Evitava quase sempre as minhas brincadeiras!...
- Eu não sou lerda! Sabia que eles se coçavam! A Tânia ia tantas vezes lá para a esplanada! O Carlitos sempre a oferecer-lhe gelados!... Topei-lhe a barriguita inchada! Até pensei que fosse disso!...
E, ao dizer isto, trocámos uns sorrisos marotos de humor só nosso.
- Só me faltava esta!... Sabes que mais?! A Tânia está grávida!
- Ai!...
Não sei se o “ai” foi de solidariedade, de surpresa ou dos ditos me terem batido no chão – estava sem cuecas! Em dois segundos, duzentos pensamentos mudos:
“Grávida?!... Eu?!... Carlitos?!...”
- De quase quatro meses!... Porque é que ela não me disse João?! Conheço uma mulher que faria o desmancho! Mas agora? Já viste João!... Já não é tempo!
Voltei a pensar para dentro, fiz contas:
“Eu?!... Há tão pouco tempo! Não!... Isso foi obra do Carlitos!... Por isso ele anda tão branco! Quem diria! O petiz!... Hem!?”
- João! Ajuda-me a pensar!
Dona Graça continuava a falar sem perceber que, também eu, precisava de ajuda para pensar:
“Eu?! Queres ver que Tânia me fez a folha!? Queres ver que me calha a mim?” Compus à podoa os raciocínios que me jorravam por tudo o que era cabeça e cheguei-me à anunciada futura avó que continuava sentada. Apoiei-a, apoiando uma mão no seu ombro e pairei de sabedoria:
- O mundo não acaba por começar uma vida nova! É Deus que no-la dá em troca de Dorinha!
- Tens razão João! Eles são jovens, que se amanhem! E nós cá estaremos também com o nosso amanho!
Este “eles” aconchegou-me os cujos, ainda doridos, ao sítio! “Eles”, não tinha nada a ver comigo!...“Com que então o Carlitos de Girabolhos vai ser pai?!”
- De facto eu achava Tânia um pouco estranha! Evitava quase sempre as minhas brincadeiras!...
- Eu não sou lerda! Sabia que eles se coçavam! A Tânia ia tantas vezes lá para a esplanada! O Carlitos sempre a oferecer-lhe gelados!... Topei-lhe a barriguita inchada! Até pensei que fosse disso!...
E, ao dizer isto, trocámos uns sorrisos marotos de humor só nosso.
Subi as escadas para o quarto. Naquele dia não me ocorreu outro tema em pensamento. Quem era eu no meio desta história? Que fazia eu naquela casa? O que me trouxera àquela cidade?... Dorinha? Adalberta?... Dona Graça?... Tânia? Tânia! Tânia!... E também Gina!.... Ah! E o curso!?...
(Na próxima quarta há mais Quarto)
25 comentários:
Eu palpita-me que alguém neste blogue te rogou uma praga...
Há certas coisas que nem aos amigos se contam! E agora? Se for teu, estás feito oh bife, se for o Carlitos, palpita-me que também estás feito...
E o curso? Que curso meu destrambelhado? Há quanto tempo andas a faltar às aulas e às frequências?
Desemerda-de!
É espantosa a capacidade do homem para a refelxão, para a filosofia, quando lhe apertam os ditos...
Existe na vida um lado de vingança...
Como é que irá acabar esta cómico-tragédia que já vai em 18 quartos, digo actos? Quando é que chega a parte do sangue?
Saudações prenhas do Marreta.
Salvo-conduto
Eu não diria uma praga, eu diria que há um complot organizado contra mim!
Um abraço de estudante
Implume
Se queres ver um homem a pensar, aperta-lhos!
Um abraço e bons trópicos
Marreta
Queres sangue? Como, se está grávida?
Um abraço trágico
O Carlitos pelos vistos também tinha a escola toda, ou será que as contas não estão bem feitas? Parece que a mudança de residência começa a tomar forma.
Cumps
o folhetim continua bravo e confirmo que os gelados não engravidam ninguem...
abraço
a barriga inchada era dos gelados...
a queda dos ditos...
Grandes quadros neste quarto, muito bom.
Pata Negra
A vida é feita de vida e a novela de quartos.
Gostei.
Abraço sem apertar nada.
E que susto!!!!
O curso, esse tem uma duração infinita, a calcular pela quantidade de quartos!
Espero pelo próximo! Sempre quero descobrir a paternidade do rebento!
Guardião
Por ali era tudo boa gente. Embora mais velho que o Carlitos, a desgraça seria muito maior se fosse eu o pai. Estou pelo teu conselho, talvez o melhor mesmo seja ficar por aqui.
Um abraço sem escola
Polidor
Embora existam gelados fálicos.
Um abraço Olá
Tiago
Só tragédia!
Um abraço desbarrigado
Silêncio
Tantos quartos quantas vidas.
Um abraço apertado
Oliva
Tenho a sensação de que nunca acabei o curso nem nunca resolvi o quarto.
Um abraço de pai incógnito
Nem penses em deixar esse quarto (à quarta), embora já vá sendo tempo do Rei ir contando histórias da Qinta (onde vive hoje)à quinta.
Zerui
Os gelados do consolo são sempre surpreendentes e retroactivos. Na próxima quarta que haja quarto! Que seria de nós se nos não coçássemos?!
Um abraço sem talvez!
Meu pobre amigo Pata Negra!
Não ganhaste para o susto. Andaste à chuva e não te molhaste, tiveste sorte desta vez.
E a Tania que se amanhe mais o Carlitos.
Um abraço
Zerui
Quinta? Qual quinta?! O vivo numa eterna cesta do nunca mais é sábado!
Um abraço monarca
Joshua
Não gosto de gelados, não que o sabor não me agrade mas a forma...
Um abraço coça barrigas
Meg
Os porcos têm sempre sorte, molhados, assim ou assados!
Um abraço de enganado
O raio dos gelados, malandros. Bem, descartada a paternidade, parece que o Carlitos vai assentar arraiais na casa, logo a presença do estudante não deve ser aconselhável, a menos que a Gina..., nááá!
Abraço do Zé
"talvez ainda haja Quarto"
senão o jogo vai a prolongamento
e finalmente
moeda ao ar!
abraço
Ainda a melhor de todas é a D.Graça...Mulher sabida e que soube cativar um jovem...
Um abraço
Compadre Alentejano
Com que então caíram-lhe ao chão.
Como deviam estar leves o trambolhão não foi muito grande.
Até quarta.
Olá Majestade, pense comigo, se fosse a D. Graça a aparecer assim de barriguita...
o susto era maior, não ? Até já vejo o Virgolino a pedir-lhe contas às letras que escreveu à amada dele ...
Vai ver, isso com a Tânia é só um pequeno problema gástrico motivado pela ingestão de tanto gelado.
Esse Carlitos sobrecarregava a rapariga com doces, pelos vistos.
Bem ... cada um ... dá o que tem para dar, não é ?! ...
Então e depois, o que aconteceu ?
aDesenhar
talvez se passe para a cozinha.
Compadre
Somos todos muito bons. D.Graça, vejo agora do alto da minha meia-idade, era uma jovem.
Lili
Não, eram de chumbo.
Maria
Estava à espera da donzela que transforma os quartos em palácios reais.
Se fosse D.Graça os tais nunca mais se levantariam do chão.
O Carlitos tornou-se um amigo e o garoto acabou por não nascer com o nariz assim: (oo).
Maria sempre.
Um abraço aos fiés leitores do folhetim
Então mas eu não venho cá 2 semanas e qdo volto já há uma gravidez em estado avançado?:-)
Excelente fim de semana para si, Excelência
Ou me engano muito ou nesse dia faltaste às aulas...
Ficaste a pensar e a coçar os não-ditos cujos.
E agora? Temos de esperar por 4ª...
Um abraço
Há respostas que perseguimos a vida inteira e perguntas que nos redimem a vida num segundo.
Até ao próximo quarto.
Excelente texto, como todos os seus textos.
Um beijinho amigo.
Maria
Mais uma vez vim recordar os quartos...
Abraço do Zé
Bom, para já o curso não importa, depois veremos...
(eu não te disse que o Carlitos ainda vinha a dar que falar?...)
Um abraço - e até p'rá semana.
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