quarta-feira, 12 de maio de 2010

Ó Fátima, cala-te, deixa-me ouvir o vento!

Nasci, cresci e vivo com Fátima. A minha mãe agradeceu à Nª Senhora de Fátima o meu nascimento. Em criança, pedi à lareira o terço que a NªSenhora me pediu que pedisse. Já fui não sei quantas vezes a Fátima a pé e conheço de perto a realidade histórica e actual. Gosto de ir a Fátima porque lá se ouve o vento e interesso-me pelo fenómeno nas suas múltiplas vertentes. Conforta-me o facto da Igreja Católica não fazer de Fátima dogma de Fé e rendo-me à evidência de Fátima existir. Ao fim de séculos de aparições e milagres por tudo quanto é ermo parecem ter parado por aqui as revelações do Ceú. Parece que agora é mais difícil ou, ao que "aparece", já não é necessário!
Que ninguém ouse desmistificar Fátima porque Fátima interessa a todos. Interessa ao crente para aliviar a mente e acreditar em melhores dias. Interessa às freiras para terem casa e terem que fazer. Interessa aos padres para colmatar as ausências à Missa Dominical e apascentar os fiéis. Interessa aos bispos para se fazerem ver e serem ouvidos. Interessa ao Papa para sair de S.Pedro e recolher uns fundos. Interessa ao governantes quando não há Benfica ou a fadista está rouca.  Interessa à região porque Fátima é turismo e é comércio. Fátima, interessa a todos! Calemo-nos, pois, todos! Quem souber rezar que reze! Quem souber ganhar que ganhe! Eu fico a ouvir o vento à sombra de uma azinheira que nem sabe a sua idade! E este vento, ainda que venha do norte, não se escreve com "b" nem letra maíscula embora a velocidade XVIKM/h seja uma velocidade aceitável para um pensador "relantim" como eu.

11 comentários:

JFrade disse...

Parabéns pelo post. É de uma lucidez invejável.
A Deus o que é de Deus; a César o que é de César…
E César é Deus.
JFrade

salvoconduto disse...

Agora que ela era precisa é que se recolheu. Pergunta ao vento notícias da Fátima. Porra já é tempo de aparecer! Cadê ela?

MARIA disse...

É absolutamente genial este post.
Vossa Majestade esteve aqui como há algum tempo o não via : não houve perspectiva em que não encarasse o tema, em tão poucas palavras de assertividade e sabedoria . Isso não é milagre é majestade mesmo, da que só a si reconheço.

Leva-lhe o vento um beijinho sempre amigo da sua sempre amiga


Maria

quink644 disse...

Não desistirei de vos exortar a ler:

"O Milagre Segundo Salomé" de José Rodrigues Miguéis???

Ferroadas disse...

Sim, prefiro ouvir o vento que certos profetas mais ou menos desgraçados. Pelo menos com ele, não fico com dores de ouvidos.

Abraço

Ferroadas disse...

Já agora, não sei se vou cometar alguma gafe, mas chegou-me aos ouvidos (não pelo vento) que a maioria, se não a totalidade dos suvenires que se vendem em Fátima têm origem na ateia China.

Pata Negra disse...

JFrade. Obrigado mas, por favor não me chames lúcido!

Salvo
A minha foi agora às compras!

Maria
Chegou inteirinho no ragaço do vento. Quando o vento vier do lado de Espanha enviar-lhe-ei um por Peniche.

Quink
Já recebi recomendações dessa leitura. Ontem mesmo, comentando o teu comentário, um amigo fez-me nova recomendação. Perante tanta insistência só tenho uma solução: o meu próximo livro vai ser "O Milagre Segundo Salomé"

Ferroadas
Sim, muita coisa é da China mas em Fátima existem umas oficinas de velas, de terços, de santos e de hóstias e o vinho de missa é das encostas de Aire.

Um abraço a todos no vento que passa

Zé Povinho disse...

Um texto que o vento trouxe mas não leva, porque é muito assertivo.
Abraço do Zé

MARIA disse...

O texto é mesmo muito bom excelente.
Mas Majestade....... de Espanha ?
... mas diz-se que de lá não vem bom vento ...

Acho que desta vez magooei :)

Estou a brincar. Depois disso serei cata-vento !
:)

Um beijinho amigo.

Maria

Milu disse...

Pois eu, de Fátima, tenho recordações que não podiam contrastar mais, pois constituem em si a mais pura antítese. Nasci bem perto de Fátima, por isso também me calhou lá ir a pé uma vez, inserida num grupo do qual a minha mãe fazia parte. Enquanto os outros se divertiam cirandando pelos diversos lugares míticos, eu, tristemente, sofria um verdadeiro martírio, arrastada pela minha mãe, por tudo quanto era lugar de missas, sinto que nesse dia, de religião comi pela medida grande. Mais tarde, numa idade em que já ninguém tinha mão em mim, também encetei diversas romarias em direcção a Fátima, só que agora era ao restaurante "Retiro dos caçadores", que sem dúvida me deixou melhores recordações.

Mariazinha disse...

E quem sabe se um dia não virá a Sra. de Fatima reclamar os direitos de autor???
Lá tem o povinho que contribuir com mais umas velinhas...
Um beijinho abençoado