quarta-feira, 5 de maio de 2010

Vou ser preso

A conjuntura está a irritar-me: não escrevo, não leio, não penso, não ajo.
Companheiro
Deveríamos morrer na prisão. Mas não, morreremos no hospício, no AVC – sei lá onde é que isso fica! - na rua a ganir ou no acidente de viação!
Eles conduzem-nos a esse fim e nós aceitamos porque gostamos da água quente do esquentador a correr-nos pelo pescoço, pela barriga, pelo cu e dos pés quentes.
Orgulhamo-nos de sermos contidos, descemos a avenida da liberdade em dias e horas marcadas, com a polícia avisada e erguemos umas faixas com frases contidas ou para meterem graça – somos engraçados - à espera da notícia e, afinal, a notícia vem sempre de outro país nem que seja da Grécia.
Somos engraçados. Somos racionais.
Fervemos, queimam-nos a ferida, a raiva é contida e a vida é em casa, temos esquentador. Isso de ser preso por rebentar é coisa antiga. Afinal de contas há liberdade - embora contida!
Mas o grito de agora, já não é “liberdade”, é “existimos”!
Não os venceremos em vida mas deveríamos morrer na prisão e não no chuveiro.Democracia?! Demo! Assim não! Eu tenho o dever de morrer na prisão! Haja água quente, companheiro! Não queria morrer só como toda a gente!

10 comentários:

MARIA disse...

A este texto poético podia Vossa Majestade chamar "Apologia do Susto"...
Porque morrer num chuveiro de água fria é morrer de susto, particularmente se estivermos no inverno.
:=)
"não escrevo, não penso, não leio não ajo"...
Isso não é verdade!
Escreve e muito bem.
Pensa, até demais e até se calhar no que não deve. :)
Lê, se não, os manifestos das campanhas presidenciais dos concorrentes :)))
E não aje...
Então não ...
Vamos repensar o conceito de acção ...
:)
Majestade, nunca morreria só, porque tem consigo os seus, os que vão consigo até Belém e quem sabe mais além :)
PRESO?!
Só se for à garra e à vontade de dar uma volta a isto e tornar este País num lugar mais agradável ...

Para aliviar o quadro, solto daqui um beijinho, muito amigo, para si.

Anónimo disse...

Pata...

este gajo até assusta o medo... a realidade está a ser dura demais. E não fomos nós que criámos esta pocilga...

abraço

opolidor disse...

Pata
este gajo, espero,que seja montagem... a realidade está dura demais.
abraço

opolidor disse...

Pata
levaste dois de uma assentada
abraço

Zé Povinho disse...

A revolta na pocilga... éum título que tenho guardado para quando este país acordar para a realidade.
Abraço do Zé

do zambujal disse...

Porra!
Este texto tem que se lhe diga! Tem pano para algumas mangas... Deixaste-me a cuinhar!
Até logo

Um abraço solidário

Ferroadas disse...

Como dizia o outro, "penso, logo existo"

Mas na actual conjuntura (estou a falar que nem porco preto) o acto de pensar tornou-se num sacrilégio, não tarda muito, a inquisição está ai, e, depois, caro amigo, como dizia o Zeca " quando isto der para o torto, não te ponhas a cavar"

Vez como tenho razão, "para qualquer maleita, água quente o endireita", este "o" tem bastante que se lhe diga.

Abraço racional

antonio ganhão disse...

Podemos não existir mas somos engraçados. Grande texto!

José Lopes disse...

Fui ao site de onde foi importada a terrífica imagem e gostei também duma outra, Goldman Sachs CEO Lloyd Blankfein, que mostra bem que não sou o único a detestar os economistas que nos vão lixando a torto e a direito.
Cumps

Unknown disse...

POIS, é o conformismo de um povo que parece sereno.
um abraço