terça-feira, 16 de agosto de 2011

Do amigo da loucura lúcida

Tive um amigo que assinava Nuno Albuquerque. Já aqui falei dele. Ontem fui à terra e deram-me notícias dele: ninguém sabe dele mas todos dizem que deve ter enlouquecido de vez. Porque a ele lhe devo alguma da loucura que tenho, transcrevo um texto, dos poucos que me legou e que, por loucuras várias, ainda guardo.

5 para as 3 da manhã do dia 21 de Outubro de 1982
Carta aos irmãos
Quem me chama? És tu lua inventada nas correntes que o meu peito estala com a facilidade dum Super-homem.
Chamam-me cínico pois a fera procura macular o último reduto.
Escrevo para resistir à mágoa, mas não vou parar esta luta para a glória.
Dentro de mim há a força do caos e procurarei não desiludir os apostadores porcos e pérfidos. Odeio os apostadores e a mim só me resta o que veio no meu encalce a buscar aquele puto que as mulheres anseiam mas têm vergonha de exigir. Combato e participo da verdade daquele génio que às tantas da madrugada sangrou na crucificação mais terrível dos últimos tempos.

A vingança é a arma dos sãos e a mentira a ponta da lança a matar os traidores. O Partido será fundado sobre o cadáver do Rei. Este relógio de bolso marca o tempo da solidão que a minha cabeça, transformada em insónia pesada, levanta ao ar para proclamar a ironia - o modelo a seguir por aqueles putos a transbordar de loucura e raiva. A mim putos brancos - darei-vos a vitória destas mãos traídas mas puras. Aquele pénis revelou o segredo e tu choraste por não teres a pistola apontada à sereia. Escrever Escrever até ao infinito desta Terra a pedir chuva e não parar os cavalos nas tabernas saloias que na sua insignificância geram a mesquinhez a inveja e a tragédia deste País a abarrotar de clérigos burros.

Paro para me deitar e ir bater com a cabeça na almofada e rebolar na exiguidade da cama onde trabalhando a Razão me aproximarei de ti Senhor doente que irás rezar ao espírito de um povo o porquê da tortura e dos processos abertos - (tem piada que mais tarde serão revistos) e então muitas cabeças rolarão no asfalto e na praça pública desejando nunca terem nascido - Adiante Adiante Adiante - Vou fumar um cigarro poderoso e assassino. Adeus irmãos até à próxima carta.
Viva o Rei ---- Viva o Rei----

4 comentários:

salvoconduto disse...

Viva a loucura e a morrer alguém que seja o Dantas!

Também eu jurarei vingança enquanto não souber a história do Albuquerque.

Fernando Samuel disse...

O rei morreu: viva o rei...

Um abraço.

MARIA disse...

Gosto desse seu amigo de quem se diz que é louco. Já reparou que "só se diz de quem" é realmente alguma coisa de valor?
Dos demais nada se diz, é uma zurze colectiva e viperina apesar de desocupada com outras coisas que se dedica a notar a "loucura" de raros. Mas ou será porque "os cães ladrem e a caravana passa" ou será porque o rei até pode chegar a "ir nu" mas estará bem, junto-me aos amigos e grito : VIVA, VOSSA MAJESTADE, VIVA O REI!

Um beijinho amigo
nb- como?!... não percebe ?!...
pronto, mas quem deu o mote ...
A vida é loucura, mas há que mergulhar na loucura do momento!...

:)

da sua sempre amiga

Maria

M A R I A disse...

E viva o Rei !!!