O conhecido Marcelo Rebelo de Sousa acompanha sempre o novo Presidente da República em todas as suas viagens, visitas, abraços, cumprimentos e fotografias. Reconhece-se que, se tal não acontecesse, a comunicação social não daria a mesma cobertura mediática aos acontecimentos que envolvem a mais alta figura do Estado.
Pode bem o Presidente desfilar entre protocolos, apertos de mão e comitivas negociais que, para o indivíduo Marcelo, lá no seu íntimo, o seu primeiro objetivo é ter encontros para o seu currículo ou , em último lugar, para o seu álbum de recordações. Ouvi-lo-emos, daqui a uns anos, a contar pormenores nunca revelados, naqueles programas de televisão para que foi feito e que o fizeram, os quais o realizador ilustrará com imagens que testemunham os seus feitos.
E assim, lá surgirá a sua imagem polida e gasta ao lado da senhora do Barreiro a quem prometeu um bagaço na campanha, a abraçar aquele secretário geral da ONU que, quando era outra pessoa, se recusou a encontrar com Fidel, a dar um aperto de mão a Obama, a beijocar a Madre Teresa de Calcutá, a agarrar ao colo a criança de dois anos que desapareceu em Ourém, a visitar a campa de Jim Morrison ou a fazer festas a um cão que nasceu com cinco patas.
É disso que Marcelo gosta, é isso que a comunicação social valoriza e é isso que entretém o povo telespetador.
Deste modo, não espanta que a imagem que vai ficar da sua visita a Cuba seja a sua fotografia a falar com Fidel Castro.
Legenda - rigorosamente, Marcelo e Fidel
A nossa imprensa atira-se, retrai-se, contorce-se, rende-se. Tem tanta vontade de dizer mal do governo a que chama regime, apetece-lhe tanto chamar ditador a Fidel, queria tanto encontrar crianças famintas nas ruas mas não encontra nada. E depois, há que respeitar Marcelo. Ele não é um Cavaco que mude de opinião a respeito de Mandela, ele sabe que Fidel já tem lugar de lenda na história que é presente e, por isso, nem que traga só uma foto no regresso, já lhe basta.
É possível que um ou outro empresário ou empreendedor traga projetos, de modo que só a comunicação social virá de mãos a abanar - nem a foto emblemática é obra sua!
5 comentários:
«A nossa imprensa atira-se, retrai-se, contorce-se, rende-se.»
"nossa"?
Desculpa!
Nem julgo que seja tua
(boa crónica!)
Pareceu-me um Pulido Valente
Abraço
ganda patada, Majestade!
D. Baltazar, perdão, D. Marcelo, o Africano!
A nossa comunicação social é tudo menos isenta e objectiva.
Cumps
Mereces bem o título, Alteza!
Um grande abraço do vizinho e súbdito
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