Nada me ocorre
Nada me tem
Nada me inspira
Nada me vem
Nada me leva
Nada me vai
Nada me educa
Nada me instrói
Ai que me dói
Estou muito mal
Crise nos ossos, na figadeira
Crise nos cornos, intestinal
Crise no cu, hemorroidal
Crise de diarreia
Crise financeira
Crise europeia
Crise nacional
Crise de emprego
Ai se eu te pego
Eu te devoro
Às vezes choro
Às vezes rio
Às vezes imploro
Às vezes vou
Ás vezes venho
Por vezes vou ao bar da Associação e digo sou
Eu que vos ouço a dizer que devia ser assim e assado
Eu que vos ouço a dizer que se devia vender o estado
de abril que está ser roubado
E a malta acha que se deve revoltar
Mas nem sequer um passo de marcha
Nem ao menos um minuto de greve
Dizem que tem de haver revolução
Em cima de nós não
Marcelo é um cabrão
Que foi aqui chamado só por causa da rima
Tem um ar terno de parvo espertalhão
Este governo dói-me
Tanta estupidez, tanta resignação
Tanta afronta, tanto conformismo
Nada me dói, nada me pega
Ninguém me instrói
Há gritos na rua
Nada ela nua – pronto, alunei, estraguei o texto todo!
Não, ainda tenho mais um rima:
Lua
1 comentário:
Um bom poema, mesmo à minha medida!
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